Moradores de Lisboa querem restringir álcool na rua após 23h00
A associação Aqui Mora Gente solicitou à Câmara de Lisboa que restrinja o consumo de álcool na rua das 23h00 às 07h00 e reduza o horário dos cafés para as 23h00, evitando a venda de bebidas alcoólicas.
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País Câmara Municipal
Em declarações hoje à agência Lusa, a presidente desta associação - que representa moradores do Cais do Sodré, Santos, Bica, Príncipe Real e Bairro Alto -, referiu que a proibição de consumir álcool na via pública neste horário "iria resolver 50% dos problemas" com que os residentes se veem confrontados diariamente, como o ruído, o lixo e a insegurança.
"Eu vejo que em todas as cidades europeias, seja em Espanha ou em França, as câmaras municipais chamam a si esta competência. Não sei porque é a Câmara de Lisboa não o faz, se já tem outras competências que lhe permitem regular a ordem pública em determinados espaços", observou Isabel Sá da Bandeira.
Quanto à redução dos horários de espaços como cafés, restaurantes, 'snack bares' ou cervejarias, a responsável disse que isso iria evitar que "qualquer cafezinho que haja em qualquer bairro possa estar aberto até às 02h00 a vender álcool".
As medidas foram sugeridas pela Aqui Mora Gente no âmbito da consulta pública promovida pela Câmara de Lisboa para a revisão do Regulamento de Horários de Funcionamento dos Estabelecimentos de Venda ao Público e de Prestação de Serviços no Concelho de Lisboa, cujo prazo termina hoje.
No documento enviado ao município, a associação salienta que "a Câmara de Lisboa deve zelar pelos interesses dos moradores, garantindo que o seu direito ao descanso e tranquilidade estejam assegurados, como consagrado na Constituição e na lei".
Os residentes pedem também que não sejam licenciados "estabelecimentos [que] alarguem a sua atividade para a via pública" e que se suspenda o programa licenciamento zero no centro histórico.
Solicitam, ainda, o "encerramento imediato do estabelecimento em caso de violação de regras" e o reforço dos meios da Polícia Municipal para poderem intervir.
Com a revisão do regulamento, o município pretende que não haja limite de horários na frente ribeirinha da cidade, entre Santa Apolónia e a Doca Pesca, desde que respeitadas regras como a insonorização e a videovigilância.
No resto da cidade, os cafés, cervejarias e restaurantes poderão funcionar entre as 07h00 e as 02h00 todos os dias, enquanto os bares poderão estar de portas abertas entre as 12h00 e as 02h00 ou até às 03h00 às sextas-feiras, sábados e vésperas de feriado.
As lojas de conveniência só poderão estar abertas até às 22h00, sendo que a Câmara e as Juntas podem vir a definir horários "atendendo à realidade de cada freguesia".
"Achamos que a autarquia pura e simplesmente não quer regular", comentou Isabel Sá da Bandeira, sustentando que as alterações previstas "só vão piorar" a situação em toda a cidade.
Esta representante teme que a liberalização dos horários dos estabelecimentos na frente ribeirinha crie uma "movimentação noturna constante" e ponha em causa quem procura estes locais para passear ou praticar desporto.
Contactada pela Lusa, a Câmara de Lisboa remeteu informações sobre esta consulta pública para um relatório com as pronúncias que vai ser elaborado dentro de 30 dias.
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