Em comunicado enviado à Lusa, Joaquim Massena reage às declarações de Rui Moreira proferidas na última reunião do executivo em resposta a um vereador do PSD que pretendia "dissipar algumas dúvidas sobre as expropriações necessárias, a programação da obra e o custo do projeto".
Segundo Joaquim Massena, Rui Moreira "deforma a realidade" na resposta que deu e "deverá explicar aos contribuintes e aos seus cidadãos porque pretende, num momento particularmente difícil da economia, continuar a gastar milhões de euros em projetos que já ascendem a mais de seis milhões de euros e, para a obra prevista na maqueta apresentada em 2015, prevê cerca de 27 milhões".
O arquiteto argumenta que a elaboração do seu projeto para reabilitar o Bolhão, que foi aprovado "por unanimidade em reunião de câmara em 1998", "custou aos contribuintes cerca de um milhão de euros e a obra custará cerca de 12,5 milhões".
A requalificação do Mercado do Bolhão está avaliada em 27,086 milhões de euros, mas a Câmara espera obter financiamento comunitário de 23,023 milhões, revela o plano preparado pela autarquia para a candidatura ao Portugal 2020.
A obra relacionada com o edifício está avaliada em 20 milhões de euros, mas nesta candidatura a Câmara contabilizou todos os gastos previstos, nomeadamente com a recuperação da envolvente do mercado e a instalação de um mercado provisório para os comerciantes do Bolhão, bem como a construção de um túnel de oito metros de largura e quatro de altura entre as ruas do Ateneu Comercial e Alexandre Braga, de acesso ao piso técnico do futuro Mercado do Bolhão.
Massena sustenta que o seu projeto para o Bolhão "é pioneiro na reabilitação de um espaço com valor patrimonial porque, durante as obras não será necessário fechar as atividades do mercado, como também a obra não será um drama (como se antevê com as obras do 'túnel' faraónico para acesso a uma cave, antes relação de harmonia entre as atividades funcionais e culturais e a relação justa de interesse entre comerciantes e visitantes".
Massena acrescenta ainda que, no âmbito do seu projeto, estão aprovadas a entrada direta para a estação do metro, o projeto de segurança e higiene, o projeto de acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida e o projeto de ambiente, para a preservação dos ribeiros.
"Estão aprovados pelo IPPAR a reabilitação e os estudos arqueológicos", bem como "está aprovado e compatibilizado o acesso às caves, sem expropriações de terrenos privados e a realização de 'túneis' faraónicos", afirma.
Na reunião do executivo, o Rui Moreira disse que aguarda a aprovação, por parte da Direção-Geral de Cultura, do projeto para requalificar o mercado do Bolhão, comprometendo-se a apresentá-lo ao executivo quando receber o parecer.
"Estamos à espera, a qualquer momento, de receber, fisicamente, o parecer vinculativo da Direção-Geral de Cultura. Nessa altura, estamos disponíveis para fazer uma reunião para apresentar o projeto ao executivo", afirmou o independente Rui Moreira, na sessão pública camarária da semana passada.
A agência Lusa contactou a câmara do Porto que não quis comentar as críticas do arquiteto Joaquim Massena.