O empresário ligado ao futebol José Veiga foi detido na passada quarta-feira por suspeita dos crimes de corrupção, tráfico de influências e participação em negócio. Hoje conheceu as medidas de coação determinadas pelo juiz Carlos Alexandre.
José Veiga ficou em prisão preventiva e Paulo Santana Lopes em prisão domiciliária até ao pagamento de uma caução. A informação avançada pela SIC Notícias foi, entretanto, confirmada pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Em comunicado, a PGR revela que "na sequência das detenções efetuadas no âmbito da designada operação 'Rota do Atlântico', três arguidos foram presentes ao juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal que "decidiu aplicar: - ao arguido José Veiga, a medida de coação de prisão preventiva; - ao arguido Paulo Santana Lopes, [foi aplicada a medida de coação] de obrigação de permanência na habitação (...) e à proibição de contactos com os restantes arguidos, suspeitos e testemunhas identificados no despacho que fixa as medidas de coação. A obrigação de permanência na habitação pode ser substituída pela prestação de caução no valor de um milhão de euros".
"Caso a caução seja validamente prestada, para além da proibição de contactos já referida, o arguido fica sujeito à obrigação de apresentações periódicas (três vezes por semana) no órgão de polícia criminal mais próximo da sua residência e à proibição de se ausentar para o estrangeiro", acrescenta o documento em relação ao gestor Paulo Santana Lopes.
Além do empresário e do gestor, o juiz Carlos Alexandre ouviu também nestes quatro dias a advogada Maria de Jesus Barbosa, que ficou com termo de identidade e residência a aguardar julgamento em liberdade.
"À arguida Maria de Jesus Barbosa, [foram aplicadas] as medidas de coação de termo de identidade e residência e de proibição de contactos com os restantes arguidos, suspeitos e testemunhas identificados no despacho que fixa as medidas de coação. Fica igualmente sujeita à proibição de se ausentar para o estrangeiro", lê-se no comunicado da PGR.
À saída do tribunal, Tiago Félix da Costa , o advogado de Paulo Santana Lopes, admitiu que não vai recorrer da decisão e que está "satisfeito com a forma como os trabalhos decorreram". "É preciso compreender o que são as medidas de coação. Não significam um juízo sobre a culpabilidade de ninguém e servem apenas para acautelar a investigação", alertou.
"Este inquérito", revela ainda a PGR, tem nove arguidos constituídos, quatro pessoas singulares e cinco colectivas".
Ao que tudo indica, na origem da operação 'Rota do Atlântico' existem suspeitas "da prática dos crimes de corrupção no comércio internacional, branqueamento, fraude fiscal e tráfico de influência". A investigação é dirigida pelo Ministério Público, o qual tem a coadjuvação da Polícia Judiciária. O inquérito, que corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), encontra-se em "segredo de justiça".