Numa entrevista publicada hoje na revista XXI, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a que o Diário de Notícias teve acesso, Durão Barroso disse acreditar que "está ainda por construir a ordem política da globalização", e alertou "para o risco de guerras generalizadas".
O antigo primeiro-ministro português considerou que, por força da globalização, os "Estados já não controlam os acontecimentos, havendo um problema de legitimidade e efetividade".
Durão Barroso salientou que o "risco de guerras generalizadas (em que se pode incluir, por exemplo, uma guerra mundial) é uma probabilidade (...), visto que não está estabelecida uma ordem suficientemente clara nesta era da globalização".
O ex-governante recordou que na atual conjuntura "proliferam guerras regionais, muitas guerras civis", acrescentando que "isto é um grande fator de risco".
De acordo com Durão Barroso, o "congelamento dos acordos de Schengen (que permitem a livre circulação de pessoas e bens no espaço europeu) seria a vitória dos terroristas".
No entender do ex-presidente da Comissão Europeia, "o melhor modo de lidar com qualquer ameaça à segurança interna não é fechar fronteiras, é cooperar, trocar informações".
"A Europa deve reforçar a sua fronteira externa, mas é uma completa ilusão e demagogia dizer que se conseguem melhores resultados pelo encerramento de fronteiras internas, ou seja: entre membros da União Europeia", referiu.
Na entrevista, Durão Barroso defendeu também um reforço das "secretas a nível europeu".
No que diz respeito à temática da migração, o ex-primeiro-ministro defendeu a política da chanceler alemã, Angela Merkel, salientando que é preciso "distinguir refugiados de imigrantes ilegais".
"É legítimo que os Estados se protejam de imigração ilegal alimentada por redes criminosas ", salientou Durão Barroso.
O ex-governante elogiou também e defendeu a política alemã de "integrar os refugiados, fazer que possam ter uma profissão e evitar guetos", mas alertou para o perigo da xenofobia e o crescimento dos nacionalismos.
"Veja-se o que se passa nos Estados Unidos, onde no campo republicano há um candidato com um discurso populista, xenófobo, com tons racistas, e que lidera as sondagens (...)", lamentou.
Durão Barroso disse ainda que os "moderados do islão devem sair da sombra para combater o extremismo".