"Seria prudente que os responsáveis pela gestão das áreas protegidas tomassem em consideração e pensassem porque é que isto está a acontecer agora e não acontecia antes", disse hoje à agência Lusa José Maria Saraiva, presidente da direção da ASE, com sede em Manteigas, no distrito da Guarda.
Segundo o dirigente, as situações de resgate estão a acontecer "porque há mais restrições de visita ao Parque [Natural da Serra da Estrela]", apontando que, "antes, quando os acessos às áreas [protegidas] eram perfeitamente livres, isto não acontecia".
"Se calhar há uma relação direta porque há falta de gente com experiência a andar nas áreas [protegidas] e logo também há mais gente agora a aventurar-se, porque hoje as facilidades de transporte e [de] deslocação são outras. Há gente mais inexperiente, porque não [se] encontra nas montanhas a tal gente experiente que antes andava lá", justificou.
Cinco pessoas foram no domingo de manhã resgatadas por militares da GNR, depois de terem pernoitado na Serra da Estrela, devido à queda de neve que se fazia sentir.
O grupo, quatro homens e uma mulher, com idades entre os 30 e 40 anos, resolveram fazer um percurso pedestre, na tarde de sábado, apesar de desaconselhados pela GNR.
"Ao fim da tarde, com o forte nevão, pediram ajuda, pois já não tinham condições para continuar. Como felizmente sabíamos o local onde estavam, foi relativamente fácil chegar ao pé deles. [Contudo], já não foi possível descer à Covilhã, porque não havia condições de segurança, e houve a necessidade de o grupo de resgate [da GNR] ficar com este grupo na casa da guarda, junto aos picos da torre", explicou à Lusa o tenente-coronel Tavares.
O presidente da associação ambientalista ASE, José Maria Saraiva, em declarações à Lusa, apelou também aos caminheiros que se aventuram na Serra da Estrela ou em outras regiões do país, para que "se associem a clubes de montanha", que estão federados.
"Passam a ter uma licença desportiva e um seguro. Isso, eu aconselho, é prudente, [porque] qualquer indivíduo pode cair, pode escorregar, pode partir uma perna, pode dar cabo de um braço. Isso é prudente que qualquer cidadão que goste de andar pela montanha e que goste de praticar alpinismo ou escalada e que gosta de andar a pé, que o faça. Isso é prudente, é intrínseco às próprias atividades que cada um decide fazer", afirmou.
No entanto, o responsável rejeita novas restrições nas áreas protegidas ou medidas para travar casos de resgate, alegando que "já chegam aquelas que estão a impor com pareceres, taxas e 'taxinhas'".