"Dai-nos: sabedoria para distinguir o bem do mal; compreensão para acabar com os conflitos; compaixão para apagar o ódio; perdão para superar a vingança; amor para compreender e amar o outro. Faz com que todos os povos vivam de acordo com a Tua Lei de Amor", dizia a oração ecuménica universal, que terminou com um "Ámen" coletivo e um aplauso.
O Presidente da República chegou à mesquita de Lisboa pouco depois da hora prevista (16:45), onde foi recebido pelo presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil, pelo imã da mesquita, xeque David Munir, e pelo cardeal-patriarca, Manuel Clemente.
À entrada, cumprimentou um grupo de nove crianças, de diferentes religiões, e coube a Iara, de seis anos, colocar um colar de flores a Marcelo Rebelo de Sousa. Depois, descerrou uma placa evocativa da sua visita, que ocorreu "por ocasião de um encontro inter-religioso".
Na plateia, entre cerca de 200 pessoas, encontravam-se o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, o núncio apostólico, Rino Passigato, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e a candidata à liderança do CDS-PP, Assunção Cristas.
No palco, estavam os representantes das 17 confissões religiosas e ainda o padre Vítor Melícias, além do Abdool Vakil e Marcelo Rebelo de Sousa, ao centro.
As confissões representadas na cerimónia eram: Aliança Evangélica, Associação Internacional Buddhas Light, comunidades Baha'i, Hindu, Islâmica, Muçulmana Shia Ismaili, Israelita, Religiosa Ciência da Alma, Shiita, Sikh, COPIC, igrejas Adventista, Católica Portuguesa, de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Lusitana Católica Evangélica-Anglicana, Ortodoxa Grega, Vetero Católica, e ainda Templo de Shiva e União Budista.
Antes de o Presidente proferir um breve discurso, Abdool Vakil disse que este encontro inter-religioso é um "evento memorável e sem precedentes" em Portugal.
"Estamos aqui reunidos portugueses de diferentes confissões religiosas, comungando dos mesmos sentimentos de patriotismo, para desejar que o nosso país continue a reconhecer todos como iguais, não fazendo qualquer distinção, e valorizando as diferenças que decerto contribuirão para o enriquecimento cultural e humano da nossa nação", afirmou o líder da comunidade islâmica.
Abdool Vakil disse ainda: "Que Deus permita que a determinação e o bom-senso que sempre nortearam a carreira do professor doutor Marcelo Rebelo de Sousa ajudem a refazer Portugal, um projeto ao qual, solidários, nos associamos, pedindo a Deus que nos dê forças e ânimo para ajudar a sua concretização".
O presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa referiu que, na mesquita, estavam "uma pequena amostra dos dez milhões de estrelas de Portugal", afirmando estar a citar o cardeal patriarca, Manuel Clemente.
Na plateia, encontrava-se também Pedro Rebelo de Sousa, irmão do Presidente, que destacou a "carreira muito realizada em vários domínios da sua vida", que, acrescentou: "Culmina com um desígnio que esperamos que seja bem-sucedido para bem dos portugueses e de Portugal".
Sobre a cerimónia inter-religiosa na mesquita com que Marcelo Rebelo de Sousa quis assinalar o seu dia de posse como Presidente da República, Pedro Rebelo de Sousa disse que esta escolha reflete "tudo aquilo que foi" a educação dos irmãos, marcada por "um respeito profundo pelo ecumenismo".
No final, o Presidente recebeu uma lembrança e um pergaminho, assinado por todas as confissões, e assinou o livro de honra da mesquita.
Marcelo Rebelo de Sousa tomou hoje posse como Presidente da República, pelas 10:10, depois de jurar cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.
Após a cerimónia ecuménica, Marcelo Rebelo de Sousa segue para o Palácio Nacional da Ajuda, onde irá condecorar o seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, com as insígnias do Grande Colar da Ordem da Liberdade, seguindo-se a tradicional receção no mesmo local.