Trissomia 21 tende a diminuir devido a abortos

A associação de pais de crianças com trissomia 21 diz que um em cada 800 bebés nascidos em Portugal tem esta doença, mas prevê que esta anomalia genética tenda a diminuir já que 95% dos pais preferem abortar.

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Lusa
21/03/2013 10:15 ‧ 21/03/2013 por Lusa

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“Um em cada 800 bebés em Portugal nasce com trissomia 21”, afirma uma das responsáveis da associação de pais de jovens com trissomia 21, Marcelina Souschek, quando hoje se assinala o dia mundial da trissomia 21 – pelo quinto ano em Portugal mas que só foi reconhecido pelas Nações Unidas em 2012.

A responsável, que fez um levantamento com base nos bebés nascidos em 2011, adianta que 95% dos bebés diagnosticados com o também chamado síndrome Down são abortados em Portugal.

“O que sabemos, utilizando a estatística, é que em cada 800 nascimentos, um tem trissomia 21 e, portanto, estamos a falar de uma população elevada”, disse, acrescentando que “deve haver ainda muitos casos que são classificados como deficientes, mas sem diagnóstico preciso”.

"Em 2011, foram abortados 160 bebés a quem tinham sido diagnosticado trissomia 21", disse, sublinhando que no futuro próximo “vai haver cada vez menos [portadores desta doença] porque as pessoas optam pela interrupção voluntária da gravidez”.

Segundo a responsável da associação de pais, as crianças portuguesas com trissomia 21 estão, hoje em dia, bem adaptadas frequentando o ensino regular e tendo acompanhamento terapêutico e médico muito eficaz.

O problema coloca-se mais na altura de deixar a escola e ingressar no mercado de trabalho, onde ainda há pouco acompanhamento e aceitação e em que os vínculos laborais costumam ser precários e os salários menores.

“As crianças chegam cada vez mais longe, mas continuam a enfrentar grandes dificuldades na sua completa integração social e profissional”, disse, explicando que, para combater esta discriminação, a associação Pais 21 lançou uma campanha para sensibilizar os empregadores.

“Eles [portadores do síndrome de Down] têm uma competência social que eu diria até acima da média, de sentirem o que se está a passar, se a coisa está a correr bem ou mal, e ir perguntar.

“Não gosto de abrir as gavetas porque cria uma ideia errada, mas neste caso tenho que dar a mão à palmatória: eles têm uma capacidade humana, uma competência social acima da média”, sublinhou Marcelina Souschek, que é mãe de cinco filhos, uma das quais com trissomia 21.

A trissomia 21 é uma doença provocada por um cromossoma adicional no par 21, anomalia que faz com que as pessoas tenham características físicas específicas e um ligeiro défice cognitivo.

Para assinalar o dia mundial da trissomia 21 vai ser também realizado o III Encontro Nacional de Famílias – agendado para sábado no Centro Cultural de Cascais, com o objectivo de partilhar informação e experiências.

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