"Se houver alguma tragédia, o Presidente da República e o primeiro-ministro serão responsabilizados, não só institucionalmente como pessoalmente", frisou Mário de Almeida, que defendeu que Vila do Conde "não pode ficar" sem aquele imóvel.
O autarca socialista falava à margem de um cordão humano que hoje, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, abraçou o mosteiro de Santa Clara, um edifício construído em 1318 e que se encontra em risco de ruir.
Perante centenas de pessoas que fizeram questão de "abraçar" um dos monumentos mais emblemáticos de Vila do Conde, Mário de Almeida voltou a insistir que o estado em que o imóvel se encontra "põe em risco as vidas humanas, com consequências imprevisíveis e danos irreparáveis".
O autarca lamentou as "audiências, ofícios e telefonemas" infrutíferos, ao longo dos últimos meses, com responsáveis do Governo.
Acrescentou que já enviou ofícios ao Presidente da República, primeiro-ministro e ainda para os ministros adjunto e dos Assuntos Parlamentares, da Justiça e ainda da Economia, mas todos se mostraram "insensíveis a esta situação".
Aliás, recentemente, quando o primeiro-ministro esteve de visita à fábrica de chocolates Imperial, em Vila do Conde, Mário Almeida convidou-o para visitar o espaço, mas Pedro Passos Coelho ter-lhe-á dito que "já conhecia a situação".
Além da degradação que o mosteiro apresenta, o espaço é "diariamente invadido por jovens e marginais que ali se juntam e que até já provocaram incêndios", disse ainda.
Foi em 2002 que foi assinada a conversão daquele espaço, que funcionava como centro educativo para menores delinquentes, em pousada, através de um protocolo realizado entre os ministérios da Justiça e do Ordenamento do Território e da Administração Local.
A câmara comprometeu-se a elaborar o projecto do novo centro educativo, de forma a deixar o mosteiro livre para o Estado o transformar em pousada.
Em Setembro de 2008, o Turismo de Portugal e o Grupo Pestana (proprietário da rede das Pousadas de Portugal) firmaram um contrato para a transformação do imóvel em pousada.
O centro educativo foi inaugurado em 2010, mas o mosteiro permanece fechado até hoje.
Mário Almeida aponta que já perdeu esperança de ver aquele espaço transformado em pousada, mas sugeriu outros fins para o mosteiro, como sejam a instalação de uma escola de hotelaria, o Tribunal de Família ou então a Divisão da PSP da Póvoa de Varzim e Vila do Conde.
Quem se juntou à iniciativa de hoje foi o cantor Paulo Praça, do projecto Amália Hoje, que disse à Lusa que o mosteiro "representa a foto real do país em que vivemos".
Natural de Vila do Conde, o músico e cantor fez questão de estar presente neste acto, porque "os artistas devem-se movimentar e mobilizar por estas causas".