O pedido terá acontecido no Centro de Apoio Social de Mozelos. Segundo António Ramos, este lar pediu-lhe 20 mil euros de jóia para aceitar a sua mãe, sem mobilidade e doente de Alzheimer, na instituição. “Disseram-me de caras que além da prestação mensal. Que ficaria pelos 750 euros, eu ainda teria de pagar uma espécie de jóia de 20 mil euros. E acrescentaram que, se assim não fosse, a minha mãe não entrava”, contou António Ramos ao Jornal de Notícias.
Segundo este jornal, o único critério para a entrada de um idoso num lar deveria ser o montante da sua reforma, da qual as instituições apenas podem reter 85%. Porém, algumas destas unidades pedem uma comparticipação familiar quando o valor da reforma somado aos 315 euros de ajuda estatal por utente, não chegam aos 1.200 euros.
E é esta comparticipação familiar um dos critérios preferenciais para a admissão de idosos em lares. Sobre isto, o presidente da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos, João Ferreira de Almeida, afirma que os lares de sector social “dão muitas vezes preferência a idosos de maiores rendimentos”, mas “deveriam concentrar-se nos mais desfavorecidos porque essa é a sua missão”.
Já Manuel Lemos, da União das Misericórdias Portuguesas defende que as instituições do sector social que não recebem “qualquer comparticipação estatal, podem escolher pessoas com rendimentos mais altos, até para compensar as que, nos lares de cooperação, pagam pouquinho”.
Em resposta, João Ferreira de Almeida, defende que “uns e outros têm os mesmos benefícios fiscais, logo não é justo terem uma lógica comercial, porque a sua missão é terem vagas para quem não pode pagar muito”. O presidente da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos disse ainda que as doações “podem existir”, mas “não devem ser critério de entrada de um idoso em lar”.