"Felizmente a cortiça, pelas suas características, pela forma como o montado é gerido, pela estrutura e por ser uma espécie mais resistente ao fogo, não tem sofrido qualquer área ardida", garantiu à agência Lusa.
Porém, o responsável espera que os dirigentes políticos avancem com o reordenamento florestal onde seja reconhecido o papel do sobreiro, a árvore que produz a cortiça.
"De uma vez por todas, olhemos para aquele que é um dos grandes ativos portugueses e das exportações portuguesas. Estamos a ter uma oportunidade importante para a reforma florestal", reivindicou.
O presidente da APCOR defende "uma floresta mais produtiva, mais organizada, mais ordenada", que poderá incluir o aumento da área de montado, que diz ter estado estável ao longo dos últimos anos.
"Não temos reivindicado mais áreas de montado. O que queremos é aumentar a produtividade da produção de cortiça nas áreas de montado existentes e [também] olhar para áreas que hoje não são de montado, mas que podem ter potencial para vir a produzir cortiça porque sabemos que o sobreiro é uma espécie resistente a algumas destas catástrofes e que pode, não só no valor imediato das suas vendas, ter um impacto mais alargado nos serviços ambientais e na proteção e defesa do território e populações contra incêndios", enfatizou João Rui Ferreira.
A área de montado de sobro ocupa atualmente 736 mil hectares em Portugal, segundo números da APCOR.
O Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS), que através de imagens de satélite contabiliza quase em tempo real a área ardida, adianta que arderam, entre 01 de janeiro e 25 de julho, 122.220 hectares de floresta em Portugal, sete vezes mais do que a média dos últimos oito anos em período homólogo.