Burlar a Segurança Social foi o que conseguiu o contabilista Carlos Manuel Dias, de 48 anos, conhecedor do sistema de atribuição de subsídios. O esquema passava por declarar salários de falsos funcionários e passado o prazo mínimo de emprego pedir o devido, no caso indevido, subsídio.
O técnico de contas, cérebro de toda a operação, está acusado de dezenas de crimes de associação criminosa e burla tributária, assim como cerca de 53 indivíduos, entre clientes, comparsas e beneficiários de apoios indevidos.
As investigações da Polícia Judiciária, Ministério Público e a própria Segurança Social revelaram que os burlões conseguiram tirar aos cofres do Estado cerca de 764 mil euros, entre 2004 e 2011.
Em muitos dos casos, os salários eram escandalosos: 10 mil, 15 mil, 35 mil e até 50 mil euros, que correspondiam a falsos trabalhadores de empresas de confecção, de decoração ou imobiliárias.
E a fonte de riqueza da burla não se esgotava nos subsídios de desemprego, estendendo-se a prestações relativas a casos de baixa médica. Neste último caso, a Segurança Social chegou mesmo a pagar 736 euros por dia a um individuo, a quem uma imobiliária pagaria de salário mensal três mil euros.