O antigo Presidente da República, Jorge Sampaio reagiu às novas medidas de austeridade com fortes críticas. “Todos os portugueses levaram um grande murro no estômago e ainda por cima o primeiro-ministro esperou que eles gostassem e estivessem disponíveis para um consenso”, afirma o ex-chefe de Estado, em entrevista ao Correio da Manhã.
Para Jorge Sampaio, Pedro Passos Coelho cometeu dois erros graves. Primeiro, “não se explicou, como era devido, como vai ser a execução orçamental deste ano. Está-se a falar de 2012 e sem se saber o que é preciso para 2013”. Segundo, “foram apresentadas um conjunto de medidas dispersas, ainda por cima difíceis de entender”.
Diz ainda o antigo Presidente que o novo pacote representa “um extraordinário agravamento daquilo que, em linguagem clássica, se chama o reforço do capital, à custa do trabalho”, lembrando que Portugal “já tem uma lei laboral extremamente propícia a adoptações duras, ainda por cima de desemprego seríssimo.
Jorge Sampaio não tem dúvida que, com as novas medidas, “vai haver uma queda mais acentuada do consumo interno, com tudo o que isso vai significar para pessoas, trabalhadores e empresas”.
Passos Coelho comunicou ao País novas medidas de austeridade, na passada sexta-feira. Ficou-se a saber que todos os trabalhadores vão descontar mais sete pontos percentuais para a Segurança Social, passando de 11% para 18%, enquanto as empresas vão ver a Taxa Social Única (TSU) descer dos actuais 23,75% para 18%.
Além disso, o Governo vai repor um dos subsídios que foram cortados no ano passado aos trabalhadores da função pública, e que este será distribuído pelos doze meses, mas manterá o corte do segundo subsídio. Já os pensionistas e reformados continuam sem qualquer dos dois subsídios durante a vigência do programa de assistência financeira a Portugal.
Na sua comunicação ao País, Passos Coelho disse ainda que o Orçamento para 2013 "incluirá medidas que afectam os rendimentos da riqueza e do capital e que tributam os lucros das grandes empresas", mas não concretizou, prometendo que o Governo vai continuar a política de redução das rendas excessivas.