Os briefings diários do Governo com os jornalistas terminaram, por se considerar que a sua função não estava a ser bem compreendida e que estavam a gerar “ruído desproporcional”. Para o secretário de Estado adjunto do ministro Miguel Poiares Maduro, Pedro Lomba, “a cultura política portuguesa é uma cultura em que há demasiada gestão mediática em detrimento de uma análise mais substantiva dos assuntos”, como contou em entrevista ao jornal Público.
“Os briefings surgiram de uma necessidade do Governo de prestar uma informação mais cabal aos órgãos de comunicação social. Quisemos desdramatizar a relação entre a imprensa e os Governos, que é uma relação muitas vezes corrompida pela desconfiança”, mas em vez de desdramatizar, os briefings acabaram por “dramatizar”, explicou o membro do Governo que dava rosto a estas reuniões.
Pedro Lomba garante que o Governo vai aumentar os briefings sectoriais (com a presença de secretários de Estado nos ministérios) e os encontros informais de Poiares Maduro com os jornalistas e admite que o que mais o surpreendeu foi a “ideia, muito francesa, de os ministérios funcionarem como mini-Governos: têm grandes administrações, muitos serviços, muitos funcionários na sua dependência, e acabam por funcionar como Governos autónomos e pesados”. Este foi, também, um dos motes para a criação dos briefings do Governo.
“Também me apercebi que o controlo da despesa pública é mesmo uma grande necessidade porque é fácil, a vários níveis, haver canais de descontrolo”, acrescentou o secretário de Estado, que se assume como um defensor dos tribunais constitucionais.
Questionado acerca do último chumbo do Tribunal Constitucional, Pedro Lomba garantiu: “Este acórdão relativo ao sistema de requalificação irá produzir uma nova solução para o sistema que não põe em risco a nossa capacidade para cumprir metas”.
Para o membro do executivo, a crise política que o país enfrentou em Julho veio provar que este Governo é um “caso extraordinário de resistência”, por mostrar que tem condições para chegar o fim da legislatura, depois de todos os reajustamentos.
Pedro Lomba lançou uma provocação: “É mais difícil nos Governos de centro-direita as pessoas entenderem-se (…) porque há mais pluralismo, mais individualismo”.