Uma maioria de inquiridos pelo estudo em Portugal (54%) disse desaprovar a condução da diplomacia externa do governo português contra 40% que manifestou aprovação, uma queda de 15 pontos percentuais face a 2012.
O estudo revela ainda que muitos dos inquiridos mantêm opiniões divergentes face à gestão das políticas internacionais pelos seus governos, com 50% a aprovarem e 45% a desaprovarem.
A sondagem, realizada anualmente, foi conduzida em junho de 2013 pela “TNS Opinion” nos Estados Unidos, Turquia e em 11 Estados membros da União Europeia: Alemanha, Eslováquia, Espanha, França, Itália, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia e Suécia.
Na secção Relações transatlânticas e perspetivas globais, a estabilidade nas relações transatlânticas confirma o momento de viragem desde a eleição presidencial de Barack Obama em finais de 2008, com uma convergência das opiniões públicas dos dois lados do Atlântico, apesar de um recuo na popularidade do Presidente norte-americano.
Uma maioria dos europeus (55%) defende uma liderança forte dos EUA e uma maioria dos norte-americanos considera desejável uma liderança forte da União Europeia (UE) na política internacional. Neste caso, 71% dos europeus considerada “muito ou algo desejável” uma liderança forte da UE na cena mundial.
A opinião internacional sobre os EUA mantém-se estável (70% de opiniões favoráveis na Europa), onde 69% também aprova a política internacional de Obama.
E uma maioria também concorda que a aliança transatlântica ainda é considerada essencial para a sua segurança (58% na Europa e 55% nos Estados Unidos), assim como a NATO é definida pelas duas opiniões públicas uma decisiva aliança de democracias.
Neste contexto, e em relação à segurança transatlântica, 33% dos norte-americanos, 42% dos europeus e 40% dos turcos inquiridos consideram que o seu papel, nesta parceria, no âmbito da segurança e assuntos diplomáticos, deveria ter uma abordagem mais independente.
Ao serem questionados sobre a possível ajuda do seu país para que algumas tropas possam permanecer no Afeganistão para treinar o exército afegão e as forças policiais após a retirada da NATO em 2014, 54% dos norte-americanos aprovaram o esforço, a par de 53% de europeus. Uma maioria de turcos (51%) desaprova que o seu país contribua com militares.
Sobre a utilização de aviões não tripulados como armas de combate para eliminar inimigos, 71% dos norte-americanos aprovam, enquanto 53% de europeus desaprovam, para além dos 60% de turcos também contra.
No capítulo onde se questiona a forma de impedir a aquisição pelo Irão de armas nucleares, as opiniões transatlânticas voltam a convergir. Nos estados Unidos 29% defendem a imposição de sanções económicas, com 32% dos inquiridos europeus e 27% dos turcos a defenderem a mesma opção.
O tratado comercial EUA-UE também é definido como um fator positivo, enquanto nas suas margens do Atlântico aumentou a desconfiança face à liderança internacional da Rússia e da China, com uma maioria (65% na Europa) a contestar a política internacional de Moscovo e Pequim, que confirma a má imagem destes dois países entre uma maioria de norte-americanos e europeus.
Por sua vez, 46% dos norte-americanos também considera a liderança russa indesejável, e questionados pela primeira vez sobre a liderança global chinesa, 47% dos inquiridos nos Estados Unidos disseram ser algo indesejável, opiniões também partilhadas por uma maioria de europeus (65%) e turcos (72%).
Da mesma forma, 58% dos entrevistados nos EUA disseram ter uma visão desfavorável da China, com 60% dos europeus e 63% dos turcos a concordar.
Em Portugal, 54% afirmaram que a liderança russa é indesejável (29% disse o contrário), enquanto a China é descrita como uma “ameaça económica” (56% entre os portugueses), um rótulo que não se aplica a outros países emergentes, como a Índia, Brasil ou Indonésia.
A “Transatlantic Trends 2013” é uma sondagem anual de opinião pública, conduzida pelo German Marshall Fund of the United States (GMF) e pela Compagnia di San Paolo (Turim, Itália), com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), Fundação BBVA (Espanha), Fundação Communitas (Bulgária), Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco, e Barrow Cadbury Trust (Reino Unido).