Augusto Santos Silva considera que as exigências e declarações que têm sido feitas pela troika, respeitantes às eleições autárquicas em Portugal, podem influenciar a decisão de voto dos eleitores, tratando-se de “uma chantagem inadmissível sobre um País soberano e sobre o seu eleitorado”.
A sua opinião foi expressa ontem à noite, no espaço ‘Política Mesmo’ da TVI24, criticando a ideia veiculada de que “se o Governo for derrotado nas autárquicas isso vai influenciar pela negativa o rating português” e ainda o facto de se propalar que essa derrota pode “levar a um segundo resgate”.
Na sua análise semanal, Santos Silva considerou, ainda, que o pedido de flexibilização do défice não fica bem ao Executivo, porque revela “uma enorme falta de credibilidade e dá razão aos que acham que o Governo não se recompôs”.
“Nós estamos numa espécie de cacofonia pública e estamos a atirar a toalha ao chão quando queremos flexibilizar o défice para 2014. Em vez de termos posição firme, estamos a fragilizar-nos a nós próprios”, afirmou o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares.
O ex-governante socialista aproveitou para tecer algumas considerações sobre o arranque do ano escolar, que diz ser “o mais calamitoso deste século”, à semelhança do que tinha afirmado, há dias, o líder da Fenprof, Mário Nogueira.
Ao mesmo tempo, perguntou Santos Silva, “por que não se fazem as maiores manifestações deste século?”, respondendo de seguida: “Primeiro, porque já não é o PS que está no Governo; segundo, porque já não se faz aquela aliança contranatura que infernizou a vida a Sócrates; e terceiro, porque Mário Nogueira e a Fenprof estão a sofrer do conhecido problema de Pedro e o Lobo, que tantas vezes se queixou até que ninguém foi ao seu socorro”.