Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), colunista de imprensa e conhecido adepto do Futebol Clube do Porto, não tinha, até há uns anos visibilidade pública. Sem currículo relevante no palco político-partidário, o candidato independente de 57 anos ganhou a segunda cidade do País com tantos votos como os dois principais opositores juntos (PS e PSD), avança o Público.
Namorado de umas das caras da SIC Mulher, Bárbara Taborda, candidatou-se, precisamente, por ter sido desafiado por um conjunto de figuras públicas do Porto e conseguiu 6 em 13 mandatos, ultrapassando as expectativas até dos mais optimistas.
De onde vem então Rui Moreira? Nasceu no Porto, no seio da alta burguesia industrial e comercial, e tem oito irmãos mais novos. Fez o liceu na escola Garcia da Orta, onde dirigiu a União dos Estudantes Democratas Independentes, demonstrando, à partida, um gosto pela intervenção política. Passou daí para o Colégio Alemão do Porto e, em meados da década de 70, mudou-se para Londres, onde estudou Gestão na London School of Economics.
Depois dos estudos, dedicou-se aos negócios da família e aos seus. Conhecida a sua fortuna pessoal, o seu colega Nuno Botelho, com quem trabalhou na ACP, afirma que nunca foi o dinheiro a mover as suas convicções. É na ACP que Rui ganha notoriedade local e nacional potenciada pela colaboração com a imprensa em debates televisivos e colunas sociais.
O social-democrata Paulo Rangel diz que Rui Moreira é, com a excepção de Paulo Vallada, o primeiro burguês a submeter-se ao voto popular para gerir a cidade.
Uma das principais características de Moreira, que o separa até do seu antecessor, é a importância que dá à cultura. De acordo com Nuno Botelho, o líder “vai olhar a cultura como um factor de desenvolvimento”, sendo ele “um homem com grandes preocupações culturais”.
No rescaldo da vitória, fala-se já em outros voos políticos de maior envergadura para o líder, desafios esses que, relata o Público, todos os seus amigos desmentem porque “o que o move é acreditar que pode mesmo fazer alguma coisa pelo Porto”.