“Este aniversário do 5 de Outubro lembrou-me os ominosos tempos de Salazar, em que por dar vivas à República fui duas vezes preso (…)”. As afirmação pertente ao antigo chefe de Estado, Mário Soares, e foi feita no âmbito do artigo de opinião que assina hoje no Diário de Notícias.
O histórico socialista aponta baterias em várias direcções, mas os seus principais alvos voltam a ser o Presidente da República, Cavaco Silva, e o Governo de Pedro Passos Coelho.
E prossegue o histórico socialista, recuperando a linha de raciocínio acima manifestada, “agora ainda não houve gás lacrimogéneo. É verdade. Mas a hipocrisia do Presidente da República e do Governo, de que o Presidente é solidário e protector como se tem visto, é seguramente maior”.
“Não há PIDE, é verdade. Mas a polícia vai teimando em bater em quem protesta e qualquer dia – como avisou Durão Barroso – “temos o caldo entornado”, faz sobressair Soares.
“Em conclusão”, escreve ainda o ex-chefe de Estado, “enquanto o Governo está completamente paralisado e ninguém sabe o que se vai passar nos próximos dias, que Orçamento vamos apresentar (silêncio!), como vai reagir o Tribunal Constitucional – esperemos que bem, e em concreto, quais as exigências da troika e dos usuários que a comandam?”.
“Trata-se de um mau Governo”, reitera Soares, “completamente parado e desprestigiado em Portugal e no estrangeiro e de ‘má-fé’. Contudo, o Presidente da República fala de ética e – para não cair no ridículo absoluto – tem de o demitir. Até porque nenhum português tomará o Presidente a sério, nem a sua ética, se não o fizer”, remata o socialista.
