“A CGTP deu aos portugueses heroína e agora quando quer dar a cocaína já não consegue criar excitação”. A analogia foi estabelecida ontem à noite, na antena da TVI, pelo ex-presidente do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, que assinalava assim o facto de o protesto da central sindical não ter tido o impacto que poderia esperar-se.
Ainda sobre esta matéria, Marcelo frisou que “o Governo andou aos papéis com este caso mas teve sorte porque ganhou tempo”.
Por outro lado, reportando-se às declarações do Presidente da República Cavaco Silva, que no sábado deu a entender que não solicitaria a fiscalização preventiva do Orçamento do Estado para 2014, o comentador considera que “desta forma, quando vier uma decisão do Tribunal Constitucional [após hipotética fiscalização sucessiva], porventura a chumbar os cortes à Função Pública, lá para Março, chegamos à troika e dizemos: agora só há uma maneira que é rever as metas do défice”.
Como tal, o também conselheiro de Estado tece elogios a Cavaco por “neutralizar uma crise política e uma crise orçamental”, mas não deixa de tecer críticas ao Executivo de Pedro Passos Coelho.
“O Governo aprova tudo à última da hora. Acha normal que até à última ainda esteja a ver onde corta? Como não há uma linha lógica e renunciou à reforma do Estado, não há gestão política possível”, realçou Marcelo, no entender de quem sob os cortes previstos paira a ameaça de virem a adquirir uma roupagem definitiva.
“Os cortes só não são definitivos se a economia crescer. Se a economia não crescer, é óbvio que os cortes são definitivos. Basta fazer as contas. Porque falta o crescimento económico e isso o Governo não soube explicar”, sustentou o social-democrata.
Por fim, referindo-se à troca de palavras entre o antigo Presidente da República, Mário Soares, e Cavaco Silva sobre envolvimento deste último no BPN, o comentador lamentou “o tom muito duro, violento, crispado na vida política. A agressividade está a subir a um tom que não sei onde vamos parar”, concluiu.