"Somos um País desarmado" cuja "única garantia é o Constitucional"

O histórico do PS, Manuel Alegre, foi ontem convidado a comentar, na antena da SIC Notícias, o estado político e social do País, cuja “democracia está muito esvaziada”. Na opinião do ex-candidato a Belém, “queimamos todas as linhas vermelhas” e se o Presidente da República “tivesse uma interpretação menos minimalista dos seus poderes”, o Tribunal Constitucional não seria, neste momento, a “única garantia” dos portugueses.

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Ana Lemos
25/10/2013 11:16 ‧ 25/10/2013 por Ana Lemos

Política

Manuel Alegre

“Esta austeridade produz inevitavelmente estes resultados e isto é intencional da parte do Governo, porque faz parte de um agenda ideológica, da parte da troika e de quem está por detrás dela”, afirmou Manuel Alegre, ontem à noite, na SIC Notícias comentando a actual situação política e social de Portugal.

Na opinião do histórico socialista, esta política só “tem um objectivo: a desvalorização salarial e o desmantelamento do Estado Social” mas, sublinhou, “o mais grave é que isto a desvalorizar-nos como povo, País e nação” e “isso é muito grave”.

Sustentando que “a austeridade nunca é expansiva”, Alegre referiu que no caso específico de Portugal “nem consolida as finanças públicas, nem abre caminho a uma solução”, colocando o País “num beco sem saída” em que “os que estão à frente do País estão de joelhos perante aqueles que mandam na Europa”.

E, a “maneira como tudo isto é feito revela um grande desprezo pelo País, pela sua histórica, e pelos portugueses” porque, reforçou, “não somos escravos de ninguém” mas já “queimámos todas as linhas vermelhas”.

Neste momento somos, na opinião do histórico socialista, “um País desarmado e a nossa única garantia é o Tribunal Constitucional” que, contestou, “não tem que se sujeitar às leis do Governo”.

Isto porque, “e digo-o com mágoa, o senhor Presidente da República não está a funcionar como último garante da democracia, ao contrário de todos os seus [antecessores que] deram essa confiança ao povo português. Cavaco Silva deixa passar tudo e acho que não é só por afinidade política e ideológica com o Governo. É também pelo pânico dos credores, dos mercados”.

“Se o Presidente da República fosse mais interventivo e tivesse uma interpretação menos minimalista dos seus poderes, o Tribunal Constitucional não seria tantas vezes chamado a intervir”, referiu Alegre, concluindo que “a nossa democracia está muito esvaziada”.

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