No ‘Jornal das 8’ da TVI, o comentador e professor Marcelo Rebelo de Sousa falou ontem (domingo) sobre o guião para a Reforma do Estado considerando que com este documento o Governo abandonou por completo a sua ideia inicial de desmantelamento do Estado Social.
“A ideia no início do Governo era vai acabar o Estado Social, vamos ter um Estado que deixa de ter prestações sociais para passar a garantir a prestações sociais. Onde já vai isso, entre a refundação do Estado e este papel, é o dia da noite”, afirmou Marcelo, frisando por isso que o guião “não serve para nada este Governo” sendo apenas “a prova que um Executivo que começou a prometer o esvaziamento do Estado Social acaba a consagrar soluções que com pequenos retoques o PS pode aceitar”.
Além disso, prosseguiu, serve “para quem quer venha a ser Governo no futuro, ou seja, é uma espécie de memorando de entendimento interno para eventual utilização depois de eleições e depois do programa cautelar”.
Quanto ao vice-primeiro-ministro, Marcelo considerou que Paulo Portas portou-se “talentosamente”, apresentando “o que serve de base para programas eleitorais, como quem diz agora ‘o interessante é que vamos a eleições’”. Desta forma, o líder centrista “assobia ao cochicho” e “desconversa”.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que “está nas mãos de [António José Seguro] o destino do País nos próximos anos”, isto é, a diferença entre ter um programa de ajustamento ou um segundo resgate”.
Na opinião do professor, Seguro tem uma de “três saídas”: ou “concorda e aceitar tudo”, o que é “muito pouco provável”; ou assina apenas alguns “compromissos e pede eleições, nesse caso começamos a resvalar para o segundo resgate, e aí é um “erro porque ganha e vai gerir um resgate”; ou, a terceira opção, “aceita e negocia o que é preciso pondo na mesma a condição de eleições mas a seguir ganha e vai gerir um programa cautelar”. Nessa última saída reside, para Marcelo, “o talento de Seguro em conseguir eleições com um programa cautelar”.
No habitual comentário na antena da TVI, o ex-líder do PSD considerou ainda que a baixa de impostos sobre a qual falou esta semana o primeiro-ministro Passos Coelho passa pela mesma lógica em que “[José] Sócrates pensou em relação aos salários da Função Pública e à baixa do IVA em 2009”. Ou seja, o pensamento de Passos, explicou Marcelo, é o de que “2014 vai ser um ano muito duro no orçamento mas se isso correr bem, e ainda formos Governo, baixamos o IRS em ano de eleições”, o que “eleitoralmente é bom”, concluiu.