Na antena da SIC Notícias, o antigo ministro das Finanças, Bagão Félix, afirmou que o País “não ganha grande coisa” com a privatização dos CTT. Apesar de se assumir como “favorável às privatizações” não só pelo “encaixe financeiro” mas também pela “dinamização e eficiência” que provocam “nos mercados”, Bagão Félix defende que “há alguns sectores” em que tal prática “é discutível”.
Sobretudo, prosseguiu, “nos casos em que haja monopólios” ou “grande intensidade de soberania”, aí “é preciso que as empresas se insiram em mercados concorrenciais e não em monopólios e é necessário que haja uma entidade de supervisão”. O que, na opinião do ex-ministro, não acontece no caso dos CTT.
Bagão Félix sublinhou, por isso, que “é difícil aceitar esta privatização” por envolver “uma actividade de interesse nacional”, além de que, destacou, “o memorando” apesar de prever “a privatização dos CTT (..) tem tido uma lógica meramente orçamental, sem estratégia” e “já ultrapassou os 5,5 mil milhões de euros [previstos]”. Pelo que, e uma vez que já o ultrapassou, “não haveria pressa” e é “uma coisa relativamente rudimentar”.
Sobre o leilão desta quarta-feira, em que Portugal emitiu mil milhões de euros em Bilhetes de Tesouro a taxas de juro mais baixas em relação à anterior emissão de dívida, Bagão Félix classificou de “bom sinal” o facto de “a procura ter excedido a oferta”.
Relativamente às previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Económico (OCDE), Bagão Félix referiu apenas que “são curiosas porque consideram que a riqueza nacional crescerá 0,4%”, face aos 0,8% previsto pelo Governo, “mas o desemprego descerá mais do que o previsto 16,4%”, face aos 17,7% avançados pelo Governo.