"As consequências [da demissão] são retiradas pelo Governo e a AR fiscalizará depois, com iniciativas várias, designadamente uma eventual vinda do ministro à AR, para esclarecer esta situação", comentou o deputado social-democrata Fernando Negrão.
O parlamentar falava depois de o diretor Nacional da PSP, superintendente Paulo Valente Gomes, ter colocado hoje o seu lugar à disposição, na sequência dos acontecimentos de quinta-feira em frente à Assembleia da República, tendo essa disponibilidade de cessação de funções sido aceite pelo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, que anunciou que vai iniciar o processo para designar o novo diretor nacional da Polícia de Segurança Pública.
O assunto, sublinhou Fernando Negrão, é "da exclusiva competência do Governo e o ministro falará esta tarde" sobre a matéria.
Contudo, e enaltecendo o papel "fundamental" das forças de segurança, Negrão criticou o "episódio lamentável no exercício de um direito legítimo", a manifestação.
"O PSD tem o maior apreço pelas forças de segurança. Mas ontem [quinta-feira] aconteceu um episódio lamentável no exercício de um direito legítimo que é o direito à manifestação. Estamos a falar de manifestantes que são membros das forças de segurança e que invadiram um espaço que estava acordado que não poderia ser invadido", sublinhou Fernando Negrão.
Declarando que na AR "o agrado ou desagrado" pela demissão do diretor da PSP não integra as competências dos deputados, o parlamentar social-democrata diz que o ultrapassar dos limites na manifestação não tem que ver com as direções das polícias, antes com as estruturas sindicais dos profissionais do setor.
Milhares de profissionais de forças e serviços policiais e de segurança - PSP, GNR, SEF, ASAE, polícia marítima, guardas prisionais, polícia municipal e PJ - manifestaram-se na quinta-feira em Lisboa e, depois de derrubarem uma barreira policial, conseguiram chegar à entrada principal da Assembleia da República, onde cantaram o hino nacional, tendo depois desmobilizado voluntariamente.
O superintendente Paulo Valente Gomes assumiu o cargo de diretor nacional da PSP em fevereiro de 2012, tendo sido o primeiro oficial da escola superior de polícia a chegar ao topo da hierarquia na corporação.