As palavras do ex-chefe de Estado, Mário Soares, no que ao despertar de uma onda de violência no País diz respeito, geraram acesa controvérsia. Houve quem o acusasse, inclusive, de incitar a esse tipo de comportamentos. O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, foi uma das figuras que se insurgiu contra a postura assumida pelo histórico socialista.
Ora, no artigo de opinião que assina hoje no Diário de Notícias, Soares sustenta a sua posição e garante: “Se falei em violência foi para prevenir as pessoas e a evitar”.
E prossegue: “Ao contrário do que alguns especuladores da comunicação social, ao serviço do Governo, têm vindo a dizer, eu odeio a violência”, salientando ter sido sempre “pacifista e contrário à violência”.
“Mas quem não sente o que se tem passado? Quem não percebe que paira em Portugal um profundíssimo descontentamento contra o actual Governo e contra o próprio Presidente da República”, questiona, todavia, o ex-chefe de Estado.
Soares sublinha que desta vez não discursou de improviso, recorrendo antes à leitura de um texto previamente escrito, “porque sabia que ao falar de violência os comentadores ao serviço do poder iam necessariamente especular”, reitera e fornece o exemplo do “sempre infeliz vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, que muda de ideias como de camisas, e que todos sabemos o que tem feito e refeito. Um artista…”.
Por fim, mais uma vez o antigo Presidente da República volta à carga e lança o repto a Cavaco Silva para que demita o “seu” Executivo “por muito que lhe custe”.
“Senhor Presidente, creia que não tem outra saída: demita este Governo. Não diga que o Governo é legítimo, porque não é. Tem sido e será a desgraça dos portugueses”, apela Soares.