Marcelo pediu Governo e oposição fortes. O que responderam os partidos?
O Presidente da República sublinhou, na mensagem de Ano Novo, que para 2020 deseja um "Governo forte, concretizador e dialogante" e uma oposição "também forte", que seja uma "alternativa" ao PS. Fixou ainda as prioridades para o país, a começar pela saúde. Os partidos reagiram (quase todos, especial nota para o silêncio do PSD). O que disseram?
© Reprodução/Presidência
Política Ano Novo
Pela voz de Nuno Melo, o CDS reagiu às palavras do Presidente defendendo que o seu partido "sempre foi uma oposição alternativa, forte e eficaz", ainda que a viver um "momento muito particular na sua história".
Ainda assim, Nuno Melo disse querer "deixar uma mensagem de esperança", afirmando que o "CDS reencontrará a sua liderança, continuará esse caminho na oposição e, quando for caso disso, no exercício do poder".
Questionado sobre as linhas fundamentais do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, tendo o chefe de Estado pedido que se concentrem esforços "na saúde, na segurança, na coesão e inclusão", Nuno Melo respondeu que se tratou de "um discurso generalista, que se compreende dentro desta quadra". "Não deixa esconder uma realidade que infelizmente penaliza muitas famílias e muitas empresas", criticou.
Pelo PS, Carlos César considerou que as prioridades apontadas pelo Presidente da República apresentam "uma convergência muito importante do ponto de vista dos objetivos estratégicos" entre Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo "e o próprio primeiro-ministro". Carlos César acrescentou que os socialistas partilham com Marcelo Rebelo de Sousa "o apelo" à "estabilidade".
"Partilhamos com o senhor Presidente da República o apelo que ele faz à estabilidade, aos valores do diálogo e da concertação, porque quando não há maiorias absolutas as medidas realizadoras e concretizadoras e os avanços que são necessários dependem sempre da concertação e do diálogo", frisou.
Por seu turno, o PCP ouviu a mensagem de Marcelo sem entusiasmo, por ser muito idêntica a outras no passado e revelar contradições com as opções seguidas pelo Governo do PS, que criticou. "Não se diferenciando de outras anteriores, suscita problemas que colocam em contradição o discurso e as opções que vêm sendo seguidas" pelo Executivo, afirmou, na sede nacional do PCP, em Lisboa, Rui Fernandes.
O membro da comissão política dos comunistas deu os exemplos do combate à pobreza e à exclusão, na justiça ou na segurança dos portugueses, com os quais Rui Fernandes criticou, implicitamente, o Governo minoritário do PS, chefiado por António Costa.
O combate à pobreza e à excussão, afirmou, "não se faz com medidas assistencialistas", mas sim "com o aumento geral dos salários, das pensões e das reformas e um decidido combate à precariedade". E uma "justiça credível faz-se com investimento em meios humanos e materiais", assim como a "valorização da juventude e jovens famílias" se faz com "políticas reais de apoio", como a rede de creches.
"Não vemos avanços nestas áreas, mas vemos os milhões que continuam a ser injetados na banca", ou a "valorização dos excedentes orçamentais para outros efeitos que não o investimento", acrescentou.
Já para o Bloco de Esquerda, "é muito significativo" Marcelo lembrar que o PS não teve maioria absoluta e que isso foi uma escolha dos portugueses.
Segundo o eurodeputado José Gusmão, o Presidente da República, ao "recordar esse facto neste momento de debate orçamental, convoca naturalmente o Governo e o Partido Socialista para procurar entendimentos e convergências que procurem prosseguir estas prioridades para as quais o Bloco de Esquerda tem alertado, e em torno das quais fará propostas no debate de especialidade".
"Precisamos de saber, e precisamos de decidir, se o crescimento que foi tornado possível pela política de devolução de rendimentos, pela qual o Bloco se bateu, vai ou não ser utilizado para o investimento no desenvolvimento do país, dos seus serviços públicos, de políticas sociais que não deixem ninguém para trás, pelo emprego, pelo salário e por uma resposta determinada e eficaz ao grande combate do nosso tempo, que é o combate às alterações climáticas", enfatizou ainda o bloquista.
A reagir pelo PAN, Inês Sousa Real apontou a discussão e votação da proposta do Orçamento do Estado para 2020 como "a prova de força" da "capacidade de diálogo" do Governo e dos partidos da oposição.
Para a líder parlamentar do PAN, "é fundamental" que o Governo PS, sem maioria absoluta, "tenha capacidade de aproximação" às "preocupações manifestadas pelas diferentes forças políticas" e possa "acolher algumas das medidas que são estratégicas".
"Não podemos continuar a ser um Portugal a duas velocidades em matéria de acesso à saúde", sustentou Inês de Sousa Real, enumerando como medidas propostas pelo PAN para 2020 o investimento de 10 milhões de euros na saúde mental e de 29 milhões de euros na agricultura biológica.
No entender de João Cotrim Figueiredo, deputado e líder da Iniciativa Liberal, o discurso do Presidente foi "sobre tudo", mas "com efeito sobre nada". "Esteve longe de ser um bom discurso. Na tentativa de ser quase ecuménico, fazendo um esforço para falar de tudo e de todos, deixou a sensação de não ter um verdadeiro foco. Um discurso sobre tudo, com efeito sobre nada", considerou.
Também o Chega criticou o discurso de Marcelo. Começando por saudar o Presidente da República por ter feito a mensagem de Ano Novo desde "uma das regiões mais esquecidas e abandonadas", André Ventura considerou tratar-se de um discurso sem algo de "concreto ou concretizável".
Na ronda de reações à mensagem de Ano Novo do Presidente da República ficaram a faltar PSD, Livre e Partido Ecologista Os Verdes (PEV).
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