Os promotores do "manifesto 3D" ("Dignidade, Democracia e Desenvolvimento"), entre eles o jornalista e antigo militante do BE Daniel Oliveira ou o professor universitário José Reis, não excluíram a criação de um partido político, mas preferem falar, para já, de um "polo aglutinador", elegendo PS e PCP como "interlocutores essenciais", embora só no futuro.
"Tivemos vários encontros, com o BE, o Livre, a Renovação Comunista, várias organizações e individualidades. Não se tratou apenas de encontros com organizações políticas porque o nosso objetivo é um pouco mais lato que isso", explicou Daniel Oliveira, sustentando que o horizonte de ação, além das eleições para o Parlamento Europeu, em 25 de maio - apesar de não serem possíveis listas de cidadãos -, se estende às legislativas e à criação de uma alternativa de governo em Portugal.
O objetivo dos subscritores do é a criação de um "plataforma incontornável, robusta e propositória", que seja "capaz de travar aquilo que nos é apresentado como um futuro trágico, do bloco central, que significaria a continuação da estratégia do memorando (da ´troika') e degradaria a democracia portuguesa".
"Não será por razões jurídicas, com certeza, que isto não avança. E é com outros e não sozinhos que encontraremos as soluções. E outros poderão ter várias soluções possíveis. Primeiro começamos pela vontade e o conteúdo, depois iremos à forma. Seguramente, existir a vontade para fazer este caminho, não será um impedimento jurídico que não permitirá a criação desse polo", disse o também comentador político.
Sobre a hipótese de o antigo sindicalista Carvalho da Silva poder vir a ser o cabeça de lista de um futuro elenco para o sufrágio europeu, os promotores do "Manifesto 3D" rejeitaram que qualquer nome esteja em cogitação.
"Não estou a negar nem a desnegar. Essa questão não esteve, nunca podia estar em cima da mesa. Não estamos a formar listas, a escolher nomes. Mal fora se o estivéssemos a fazer pela simples razão de que era errado", afirmou o professor universitário José Reis.
O mesmo subscritor do texto descreveu o movimento como uma "plataforma política que quer tornar-se incontornável relativamente a essas eleições", adiantando não se tratar de "uma proposta ou um apelo", mas antes de "uma necessidade realizável".
Entre outros proponentes do documento estão o investigador social Boaventura Sousa Santos, o antigo dirigente e deputado comunista Carlos Brito, o argumentista e produtor Nuno Artur Silva, a jornalista e mulher do Nobel da literatura, José Saramago, Pilar del Rio, o humorista Ricardo Araújo Pereira, a médica Isabel do Carmo ou os cineastas Miguel Gomes, João Botelho e António Pedro Vasconcelos.
A maioria dos participantes estive em várias das iniciativas do Congresso Democrático das Alternativas, designadamente o evento de 05 de outubro de 2012, que juntou mais de 1.500 pessoas de diversas opções políticas à esquerda na Aula Magna, em Lisboa.