À chegada para o concerto de Rita Redshoes, no Teatro São Luiz, em Lisboa, inserido no festival solidário Regresso ao Futuro, António Costa foi questionado sobre a possibilidade de vir a decidir dar passos atrás no desconfinamento devido aos números de novos de covid-19.
"Se for necessário dar, daremos os passos atrás que forem necessários dar. Agora eu acho que o que temos que ver é como é que podemos evitar os passos atrás, controlando a situação", afirmou.
Na perspetiva do primeiro-ministro, "a melhor forma de sermos solidários é todos cumprirmos as regras", sendo essa a melhor maneira de "retomar a atividade".
"Se todos cumprirmos as regras, nós podemos ir recuperando a nossa liberdade e esse é o percurso que nós temos que seguir porque não é só a perda da liberdade, é a perda da liberdade, é a destruição de rendimentos, de empregos, de atividades", avisou.
António Costa apontou que para as pessoas se podem sentir seguras "em qualquer sítio desde que as regras sejam cumpridas".
"Havia uma coisa que todos sabíamos: se aumentássemos o desconfinamento o risco de contágio aumentaria. Aquilo que nós temos vindo a verificar é que a taxa de contágio têm-se mantido essencialmente estável", referiu.
Aquilo que acontece, segundo o chefe do executivo, é "um crescimento muito localizado à volta da cidade de Lisboa e em alguns concelhos e em algumas freguesias desses concelhos", ou seja, "focos bastante localizados".
"Festas como a de Lagos, falta de cuidado como aconteceu naquele lar, ajuntamentos como ontem aconteceram na praia de Carcavelos ou nas docas em Lisboa, isso são obviamente comportamentos que se podem dar mau resultado", avisou.
Como o "vírus vai continuar a andar por aí e por ai andará até haver vacina", António Costa foi perentório: "ou ficamos fechados em casa ou para sairmos temos que cumprir as regras".
"Caso contrário, as empresas fecham, as atividades fecham, os empregos são postos em causa e os rendimentos perdem-se. Temos que tratar da saúde - da nossa e de todos aqueles que nos rodeiam - mas temos que tratar de criar as condições para que a normalidade da vida possa regressar, os empregos possam ser mantidos, os rendimentos possam ser recuperados e, para que isso aconteça, é fundamental ninguém relaxar", avisou.
Questionado sobre se há condições para não renovar a situação de calamidade devido à pandemia, o primeiro-ministro lembrou que o Governo tem adotado uma metodologia que considera "fundamental manter".
"Antes de tomar a decisão, procedemos sempre a uma audição dos peritos no Infarmed e, é em função dessa avaliação que nós tomamos decisões, não é com base na inspiração do momento", respondeu.
O chefe do executivo gostaria de não ter de "dar nenhum passo atrás e, pelo contrário, poder continuar a dar passos em frente".
"Agora isso tudo depende muito. Depende sobretudo do comportamento individual de cada um de nós", advertiu.
Portugal contabiliza hoje pelo menos 1.528 mortos (mais um do que na sexta-feira) associados à covid-19 em 38.841 casos confirmados de infeção (mais 377), segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Lisboa e Vale do Tejo (LVT) registou 74,8% dos novos casos de covid-19, concentrando 282 das 377 novas infeções divulgados hoje.