No espaço de comentário que protagoniza, todas as sextas-feiras, na SIC Notícias, Francisco Louçã começou por fazer referência ao discurso de Ano Novo de Cavaco Silva, afirmando que houve apenas um ponto surpreendente no seu discurso: o facto de ter falado do programa cautelar. Algo que acredita que surpreendeu até o executivo de Passos Coelho.
“O Presidente fez um discurso previsível. A parte do programa cautelar é a única parte surpreendente. Depois da polémica com as suas decisões anteriores, em aprovar o Orçamento de Estado para 2014, o Presidente foi ainda mais longe”, começou por dizer, para acrescentar que o que Cavaco fez “foi grave e inconstitucional”, pois não é a ele que “compete comunicar este tipo de decisões nem se antecipar ao Governo numa medida que este tem desmentido”.
Em causa estão as declarações do chefe de Estado em que afirmou que seria grave para Portugal regredir na situação em que se encontra e em que referiu a necessidade de se recorrer a um programa cautelar para garantir o acesso do país aos mercados.
As consequências do seu discurso implicariam que “o Governo respondesse” e ao não fazê-lo este “parece ter sido apanhado de surpresa”.
Para Francisco Louçã ninguém tem dúvidas que o Governo está a negociar um plano cautelar, mas defende que este só o deve anunciar quando tiver a certeza que irá ser bem-sucedido.
O ex-bloquista elogiou, ainda, o Partido Socialista pela sua resposta ao discurso de Cavaco Silva. Para Louça, o partido liderado por António José Seguro foi muito incisivo ao afirmar que se Cavaco não pedisse a fiscalização das medidas do Governo, seria o próprio partido da oposição a pedir explicações ao Tribunal Constitucional em relação aos cortes nas pensões e nos salários. “A resposta do PS é de louvar. Foi muito incisiva, o que não é comum”, disse.
Em relação ao Plano B ao Orçamento de Estado, apresentado esta quinta-feira, após reunião de Conselho de Ministros, o comentador referiu que o “plano foi apresentado sem nenhum plano”, e criticou a forma de comunicar deste executivo.
O político refere que as medidas foram apresentadas “de forma desmazelada e em que ainda nada é certo”, provocando um grande alerta nas pessoas. Este defendeu, ainda, que quem deveria ter falado na conferência de imprensa seria a ministra das Finanças, o primeiro-ministro ou o vice-primeiro-ministro Paulo Portas.