As relações entre o primeiro-ministro e o presidente do CDS nunca foram óptimas, mas as queixas de Portas por não ser ouvido por Passos em matérias fundamentais e a oposição centrista às alterações à Taxa Social Única (TSU), aumentaram ainda mais a tensão entre os líderes da coligação. A juntar a tudo isto, a apresentação da proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2013 tornou um facto consumado a ruptura entre Passos e Portas, avança o jornal i.
Na segunda-feira, antes do Conselho de Ministros aprovar o OE2013, o primeiro-ministro e o líder do CDS tiveram uma dura conversa, na qual Passos Coelho terá afirmado que a proposta de Orçamento era definitiva e que qualquer objecção do partido da coligação provocaria o fim do Governo.
O chefe do Governo assegurou que apresentaria de imediato a demissão do Presidente da República, acrescenta o i, e que responsabilizaria Paulo Portas e o CDS pelo pedido de um segundo resgate de Portugal.
Fontes próximas do líder centrista, referidas pelo jornal, classificam de pura chantagem política esta posição de Passos Coelho.
O i revela também que outros ministros, do PSD e independentes, se sentiram verdadeiramente humilhados quando na segunda-feira chegaram ao Conselho de Ministros e ouviram Passos Coelho afirmar que o Orçamento estava fechado e que não havia espaço para quaisquer alterações.
Uma posição manifestada depois da maratona de 20 horas do Conselho de Ministros de 10 de Outubro, e depois dos ministros passarem dias e o próprio fim-de-semana a preparar propostas para cortar na despesa dos seus ministérios para aliviar a carga fiscal imposta na proposta de Orçamento. Mas parece ter sido tempo perdido.