“Compreendo a frustração, e, até às vezes, o facto de as pessoas se sentirem zangadas com o Governo, e, sobretudo no caso das pensões, compreendo que é particularmente difícil para as pessoas”.
As palavras pertencem ao ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, que ontem falava na antena da TVI24. Contudo, o discurso algo complacente do governante em muito se distancia de qualquer assunção de responsabilidade do Executivo perante o flagelo financeiro com o qual uma grande fatia das famílias portuguesas se depara.
Pelo contrário. Poiares Maduro aludiu antes ao que considera ser uma espécie de mito instalado, argumentando que “durante décadas as pessoas que recebem pensões foram convencidas de que tinham um determinado montante garantido, mais, que esse montante era aquilo que correspondia ao que tinham contribuído ao longo da vida”.
Todavia, prosseguiu o ministro, “aquilo que é o montante de contribuições que foram feitas para o sistema de pensões não corresponde às pensões que nós temos que pagar e se nós continuarmos com o sistema de pensões como temos este é totalmente insustentável”.
Aliás, Poiares Maduro fez sobressair a ideia, em jeito de aviso, de que “[este sistema] não vai permitir que as gerações futuras tenham acesso a pensões minimamente decentes”.