“Se o Governo quer arrastar o PS para a política desastrosa que tem vindo a fazer, o PS não pode dizer que sim. Isso seria mau para o país e para a democracia. Esta política tem de ter uma alternativa. E essa alternativa não pode estar dentro do Governo”. As palavras pertencem a Basílio Horta que, em entrevista ao jornal i, defendeu a necessidade de o PS se assumir como candidato e reforçar a sua postura de opositor ao atual Executivo.
Para o autointitulado democrata-cristão, “que se sente bem no PS”, é possível “tentar melhorar a alternativa que o PS tem, mas não há outra”. Deste modo, defende, “quem não se revê nesta política [do Governo] e que se for democrata tem de estar com o PS. O PS tem de ser um ponto alternativo”.
Durante a entrevista, Basílio Horta alerta para o risco de o PS perder força se o partido entrar em conflito interno. O autarca frisa que “as pessoas que não se revêm neste Governo têm o dever de ter alternativa” e, deste modo, “se o PS, por absurdo, começasse a criticar, em vez de se unir na crítica ao Governo, era imperdoável”.
O autarca de Sintra abordou ainda a iminência de um programa cautelar no pós-troika mas avisa que “o PS não pode assinar [o programa] sem pedir eleições antecipadas, porque não pode comprometer-se com uma política que não domina”.
“Era bom para o país que o PS assinasse o programa cautelar e em seguida houvesse eleições antecipadas (…) Não é legítimo exigir ao PS que assine um programa cautelar quando se sabe perfeitamente que depois não se pode responsabilizar pela sua execução”, destaca.
“As eleições têm de ser um voto de censura a este Governo”, realça, dizendo ainda que o Governo está “a brincar” ao demarcar-se de uma posição, pois “toda a gente percebe que o programa cautelar tem condições. E se calhar tem tantas condições que o Governo não pode assiná-lo”.
Neste seguimento, para Basílio Horta, “o melhor cenário era ter uma rede que nos garanta que em qualquer circunstância os juros são aceitáveis” e aí, diz “com toda a franqueza, em termos nacionais, era bom o programa cautelar. Sem programa vamos ter um problema”.