"A primeira coisa que eu diria é que o manifesto é inoportuno", disse Rangel aos jornalistas, em Estrasburgo, França, onde decorre a sessão plenária do Parlamento Europeu.
"Numa altura em que os credores estão a dar sinais de que a dívida portuguesa é sustentável, eu usaria as palavras do Presidente da República: é masoquista estarmos a dizer o contrário", acrescentou.
O cabeça de lista salientou ainda que "num momento em que estamos a fechar o programa de ajustamento, precisamos de uma convergência nacional para o fazermos da melhor maneira possível".
"Vir agora criar um foco de distração e de alteração de estratégia que não tem qualquer efeito no curto prazo é, obviamente, um erro", acrescentou.
"Lamento esta inoportunidade do manifesto", disse ainda, sublinhando que outro aspeto negativo é o de falar em reestruturação.
Para Rangel, "a palavra reestruturação tem um sentido que seria catastrófico, seria mesmo muito mau para os portugueses", defendendo que seria preferível falar-se de uma solução europeia futura.
"Não é apenas o que se diz é também a perceção que se cria, na opinião pública e nos mercados", salientou, para acrescentar que "um perdão de dívida seria um sinal de derrota e de retirar todo o sentido aos sacrifícios que os portugueses fizeram", disse.
O documento em causa, que defende a reestruturação da dívida pública acima dos 60%, é assinado por figuras da política da esquerda à direita políticas, como os ex-ministros das Finanças Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, o ex-líder do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, o presidente da CIP, António Saraiva, o antigo secretário-geral da CGTP Manuel Carvalho da Silva, o constitucionalista Gomes Canotilho ou o ex-reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa.