"Agora, querem discutir as questões europeias depois de o fato estar desenhado, traçado e vestido", lamentou Jerónimo de Sousa, lembrando que os comunistas foram sempre favoráveis à consulta popular sobre os diversos tratados da União Europeia.
O líder do PCP, após reunião do Comité Central do partido, na sede lisboeta, condenou ainda as declarações de Cavaco Silva, no sentido de a campanha para as eleições europeias ser "serena" e da necessidade de encontrar consenso interpartidário como melhor forma de "programa cautelar" para Portugal.
"O Presidente afirma-se claramente como um protagonista desta política de direita. Fala, muitas vezes, talvez com saudade dos tempos de primeiro-ministro. Veio anunciar, para que do seu ponto de vista não haja ilusões, que a austeridade e os sacrifícios vão continuar por, pelo menos, mais 20 anos", disse, acrescentando que Cavaco Silva tem uma "posição rígida, fixista, como se o mundo não se movesse".
O secretário-geral do PCP voltou a defender que "não há saída, nem cautelar nem limpa, para os problemas nacionais sem a renegociação da dívida e a rutura com o atual rumo da política de direita".
"A efabulação de uma saída limpa ou da retórica sobre a libertação do país da condição de protetorado tem por objetivo esconder dos portugueses o projeto de manter Portugal amarrado à atual situação de dependência por via dos mesmos ou outros instrumentos de dominação da União Europeia, designadamente o Tratado Orçamental", continuou.
O líder do PCP pediu o "reforço da CDU (Coligação Democrática Unitária) em votação e no número de deputados", a fim de "conduzir à demissão do Governo e à convocação de eleições antecipadas" nas eleições europeias de 25 de maio.