"Ele realmente teve a ideia de falar e teve a ideia peregrina de ir falar a um hotel de luxo, também não é o sítio onde deve falar, afirmou Mário Soares, em Lisboa, durante uma apresentação do seu livro 'Crónica de um tempo difícil'.
Mário Soares respondia a uma pessoa da audiência da apresentação, que o questionou sobre a actuação do Presidente da República.
"Eu não posso falar do Presidente da República, porque me fica mal falar de uma pessoa que me sucedeu. Portanto, é muito desagradável, quando uma pessoa começa a dizer mal do seu sucessor parece que tem ciúmes dele e não é o caso, nunca tive", começou por dizer Soares.
"O Presidente da República, enfim, tem estado muito calado. Tem havido jornais que dizem perdeu a fala o senhor Presidente da República'. Há jornais que dizem isso, eu vi um artigo de fundo num jornal que diz isso e achei graça", afirmou.
O Presidente da República, Cavaco Silva, disse na terça-feira que irá "guiar-se por pareceres jurídicos aprofundados" e pelo "interesse nacional" na avaliação do Orçamento para 2013 e que não vai "reger-se" por "palpites", nem aceitará "pressões".
"Ninguém me pressionará sobre essa matéria, é uma questão de grande relevância nacional e eu actuarei de acordo com o interesse nacional, não vou reger-me, não tenham dúvidas, por qualquer palpite, venha daqui ou de acolá", garantiu o chefe de Estado.
À margem da inauguração de um hotel em Lisboa, Cavaco Silva sublinhou que "em matéria de constitucionalidade" irá guiar-se "por pareceres jurídicos aprofundados e não por qualquer ideia que aqui ou ali se formula mas bastante superficial".
O Presidente da República falava aos jornalistas, depois de interrogado sobre os sucessivos apelos que lhe têm sido feitos para que peça a fiscalização preventiva da constitucionalidade do Orçamento do Estado para 2013.