Recordando o momento em que se tornou presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso afirmou, em entrevista para a SIC e para o Expresso, que a maior marca que deixa “é a resposta à crise financeira e económica que deixou o país à beira do precipício”.
“Não se pode subestimar o que já se fez. Trabalhei muito com o Governo de José Socrátes e com Passos Coelho e toda a Europa também o fez”, disse o dirigente europeu, acrescentando que "não se pode subestimar o que já fizemos até aqui porque estávamos numa situação muito preocupante”.
“Todos os economistas estavam preocupadíssimos com o futuro do euro e com a continuação da moeda única e foi trabalhoso sobreviver a esta crise, que poderia ter tido consequências catastróficas”, disse o antigo primeiro-ministro.
Durão Barroso afirmou que ajudou tanto quanto pode, algo que “foi reconhecido pelo próprio José Sócrates” e admitiu que esteve “uma hora ao telefone com Angela Merkel para a convencer a dar mais tempo a Portugal pagar a dívida”.
“A situação de banca rota não teria sido evitada sem ajuda da União Europeia e sem a resposta que foi dada. A situação de crise foi uma surpresa porque a Europa não sabia nada sobre o caso BPN e não foi a senhora Merkel a culpada disso. Os portugueses também têm responsabilidades”, afirmou.
O problema principal foi, segundo Durão Barroso, não existirem “instrumentos de supervisão e controlo das finanças públicas de cada país, o que fez com que a situação se desenrolasse sem a supervisão das instituições da Europa”.
Na opinião do antigo primeiro-ministro “a Europa não é o problema, é parte da solução. Esteve ao lado de Portugal e os portugueses também têm de pensar nas responsabilidades próprias, e não só na solidariedade, porque houve erros cometidos no nosso país”, admitiu.