No programa ‘Falar Claro’ da Rádio Renascença, os antigos governantes, e comentador habitual, Vera Jardim e, esta semana, o convidado José Luís Arnaut, abordaram a questão da possível nova forma de cálculo das pensões para substituir a receita da CES nos próximos anos, divulgada a jornalistas de seis órgãos de comunicação social pelo secretário de Estado da Administração Pública, José Leite Martins.
Vera Jardim começa por salientar que “já não é a primeira vez nem a segunda, já lhes perdi a conta, que o Governo manda as coisas para os jornais, desta vez a coisa foi feita com uma trapalhada. Mas já não é a primeira vez que o Governo manda correr lebres: ‘digam aí não sei o quê que vai haver uma TSU’ para ver qual é a reação”, lembrou o socialista, referindo-se ao que sucedeu, no início do ano passado, com a possibilidade de ser aplicada uma Taxa Social Única sobre os pensionistas.
Neste sentido, conclui, “não sei” o que aconteceu “mas é uma hipótese” que o Governo tenha decidido “pegar num secretário de Estado inocente e dizer-lhe ‘você chame-me ai uns jornalistas e ponha a lebre a correr’”.
Por seu lado, o social-democrata José Luís Arnaut confessou ter “a melhor das impressões pessoais sobre José Leite Martins”, sublinhando tratar-se de “uma pessoa de uma total integridade moral, portanto ao fazer o que fez seguramente que não o fez com qualquer mal intenção”.
Mas, esclareceu, “não estou dentro do Governo” e “dos que fiz parte essas coisas não aconteciam mas neste Governo já temos visto tanta coisa a acontecer” que é possível, admitiu, que José Leite Martins tenha sido mandatado para tal. Ainda assim, “se lá estivesse Miguel Relvas todos estavam a culpá-lo [mas] como não está, não encontram em quem bater”.
“Há qualquer coisa aqui que não bate com os meus estereótipos relativamente à personalidade em questão, portanto dou o benefício da dúvida a José Leite Martins porque o conheço suficientemente”, remata a questão José Luís Arnaut.