"Maio vai ser um mês fatal para o Governo e seus apaniguados"
O antigo Presidente da República, Mário Soares, destinou grande parte do seu artigo de opinião desta terça-feira no Diário de Notícias, à controvérsia instalada entre o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e Vítor Constâncio a propósito do caso BPN. Mas o histórico socialista não perdeu, uma vez mais, a oportunidade de atirar umas quantas farpas ao Governo de Pedro Passos Coelho, numa altura em que as eleições europeias estão à porta.
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Política Soares
"Maio vai ser um mês fatal para o Governo e para os seus apaniguados". O vaticínio é feito na coluna que o antigo Presidente da República, Mário Soares, assina no Diário de Notícias. O histórico socialista não tem dúvidas, pois, de que este Executivo "cego e surdo" irá cair "dentro de, o mais tardar, um mês e pouco", e, aí, "a verdade virá à tona da água".
Contudo, embora não tenha deixado passar em claro o já habitual ataque ao Governo em funções, é sobre Durão Barroso, ou melhor, sobre a celeuma gerada em torno do caso BPN, que envolve também Vítor Constâncio, que Soares se debruça com mais detalhe. Assim, defende que o antigo primeiro-ministro, e hoje presidente da Comissão Europeia, deve ser questionado pela Justiça acerca dos alegados avisos que fez ao então governador do Banco de Portugal.
Soares critica Barroso por "vir levantar inoportunamente o caso do BPN, em que tantos dos considerados culpados estão em liberdade e nunca foram julgados", acusando-o de ter perdido "a habilidade política", e de ter feito uma acusação "infame, ao tentar incriminar Vítor Constâncio".
Já o antigo governador do Banco de Portugal é, na opinião de Mário Soares, "um homem impoluto, de reconhecida dignidade e inteligência", o que torna "imperdoável" as declarações do social-democrata.
Saliente-se que o jornal Expresso publicou há duas semanas uma entrevista na qual Durão Barroso dizia que enquanto foi primeiro-ministro (entre 2002 e 2004) chamou por três vezes o então governador do Banco de Portugal a São Bento para "saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade", indicando possíveis irregularidades no banco nacionalizado pelo Estado em 2008.
Uma crítica que o histórico socialista classifica como "um tiro no pé", questionado se "a sua ambição" não terá mesmo passado por cima da sua amizade com o atual chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
"Será que ainda é amigo do Presidente Cavaco Silva ou já não é? Tenho as minhas dúvidas. Visto que todo o país sabe que o Presidente tem algo a ver com o caso do BPN", remata.
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