Em entrevista ao Público, o cabeça de lista da coligação PSD/CDS às eleições europeias, Paulo Rangel, fala sobre o fim do programa de apoio financeiro a Portugal e numa terceira hipótese de escolha para o país sair da alçada da troika; aborda a falta de consenso com António José Seguro; e denuncia o regime de autocensura que foi imposto por José Sócrates.
O social-democrata está confiante de que as próximas eleições ditarão uma vitória a favor do partido ‘laranja’, mesmo após a má imagem que o partido deixou por via dos cortes levados a cabo. Rangel refere que os cortes não se tornarão definitivos e que o objetivo é encontrar “uma modalidade diferente da que existe”, garantindo que “a situação das pessoas não vai piorar, só pode melhorar gradualmente”.
Para isso, conta com o apoio do PS, mas não de António José Seguro “que está sempre em contradição”, mas sim do conselheiro Óscar Gaspar a quem tece elogios por, ao contrário do líder socialista, afirmar que não será possível repor a situação anteriormente vivida em Portugal.
Atribui a culpa da situação complicada que o país atravessou ao período do socratismo, “um período difícil” e perigoso, não só “pela questão das finanças públicas", que conduziu o país para a a bancarrota pelas decisões erradas do Governo de José Sócrates, mas também pela “própria conceção de exercício do poder claramente pouco democrática” que tinha e que “não tinha a ver com a cultura do PS”.
“Sem dúvida que hoje não temos esse clima que era de claustrofobia porque era de autocensura”, disse, considerando que isso se verificava não só no poder que o ex-líder do PS exercia sobre a comunicação social , mas de uma forma geral, face a todos os que o criticassem.
Confiante nos resultados das próximas eleições europeias, Paulo Rangel afirma que o PSD e CDS têm “uma campanha totalmente solidária”, sendo que não se consegue “distinguir quem é do PSD e quem é do CDS nesta Aliança Portugal”.
Por fim, fala no fim do programa de ajuda financeira a Portugal, referindo que além da saída limpa ou de um programa cautelar, existe uma terceira hipótese que é a de “haver uma saída limpa com a garantia mais ou menos informal, por parte da União Europeia ou dos próprios Estados, de uma ajuda em caso de necessidade, uma coisa um bocadinho atípica”. Em qualquer um dos casos, a decisão só poderá ser tomada pelo “Governo em funções e em diálogo com as instituições da troika”.