“Se enquanto povo não trabalharmos e pouparmos mais, nem abdicarmos de privilégios acumulados ao longo dos tempos, provavelmente não há sucesso”, prevê José Miguel Júdice, ex-bastonário da Ordem dos Advogados, numa entrevista que concedeu ao semanário Sol na condição de vice-presidente da Associação Comercial de Lisboa. Caso contrário, prossegue, “será a falência total da economia portuguesa. O desemprego vai atingir graus insuportáveis e a tensão social e a criminalidade vão crescer de forma exponencial”.
No entender de Júdice, “o Estado tem de diminuir o peso na economia”, tendo em conta que “anda a incomodar as empresas todos os dias”. “Não acreditei que 2012 seria o ano de viragem e acho que 2013 vai ser ainda pior do que este”, comenta o ex-bastonário.
Porém, Júdice defende o actual Executivo. “O Executivo de Passos Coelho fez muito mais reformas num ano do que Portugal fez em 30”, enaltecendo ainda “a coragem” do Governo, que está “a fazer reformas que provavelmente vão levar a perder as eleições”, mas ainda assim “a anos-luz do que é preciso”.
“Há toda uma cultura de gastar que tem de acabar”, advoga, bem como a necessidade “de unificar ministérios e fazer despedimentos na função pública”. Até porque, considera, “estamos falidos e dependemos da boa vontade dos credores”.
No que concerne a uma eventual revisão do memorando da troika, José Miguel Júdice comenta: “Estou certo de que vamos ter mais tempo”. “Deram mais dois anos à Grécia, porque é que a nós não nos vão dar?”, questiona.