"Está tudo muito instável e os políticos acabam por prometer coisas. Isso aconteceu com Pedro Passos Coelho, mas ainda hoje vi António José Seguro prometer que não vai aumentar impostos. Ainda longe das eleições, já está a fazer promessas sobre as eleições. Os políticos têm essa tentação terrível de prometer coisas", disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à entrada para a cerimónia de comemoração do 40.º aniversário do PSD, a decorrer na Alfândega do Porto.
De acordo com o ex-líder do PSD, "em campanha eleitoral, praticamente todos os candidatos à liderança do Governo prometeram coisas que, depois de chegados, ao Governo não fizeram".
"Porque acabaram por descobrir que não podiam fazer, depois havia crise europeia, havia crise mundial. Houve várias razões e infelizmente isso é uma coisa que afasta os portugueses dos políticos", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que "ainda mesmo nos últimos seis meses ou um ano, praticamente toda a gente que anda na política em Portugal, no Governo ou na oposição, andou a fazer previsões económicas ou suposições económicas e depois foi corrigindo ao longo do tempo".
Questionado sobre a saída limpa do programa de ajustamento, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "era o único caminho possível".
"Era o caminho que a Europa queria, era o caminho exigido pelas eleições europeias, era o caminho permitido pela situação económica da Europa e era o melhor caminho para Portugal e para os portugueses. Era não ter de suportar mais condições pesadas neste momento", justificou.
O social-democrata concordou com a ideia de que o país foi empurrado para esta saída "porque era bom para Portugal e porque era bom para a Europa".
"O próprio primeiro-ministro já reconheceu que depois desta fase muito difícil que os portugueses estão a viver e vão viver ainda este ano e no ano que vem, que há imperativos fundamentais", respondeu aos jornalistas.
Na opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, "é preciso crescer, é preciso mais justiça social, é preciso reduzir desigualdades, é preciso elevar o nível de vida daqueles que tiveram os rendimentos cortados".