Num dia comunicam um aumento de impostos, no outro dão conta da descida de outros. Grosso modo, esta é a principal contradição apontada por Manuela Ferreira Leite no que à estratégia de consolidação do Governo diz respeito.
A ex-responsável pela pasta das Finanças, que analisava a atualidade política na antena da TVI24 no mesmo dia que foi aprovada, em sede de Conselho de Ministros, a Reforma do Estado, e em que Paulo Portas reiterou a intenção de desagravar o IRS no próximo ano, assinalou que tal “é no mínimo contraditório com o facto de há meia dúzia de dias termos anunciado um aumento de impostos”.
A antiga líder social-democrata fez sobressair ainda que “isso dito assim, em campanha eleitoral, na forma de uma promessa, se acontecer isto, se não acontecer isto…” é um raciocínio idêntico ao que se pode retirar da expressão popular: “Se a minha avó não tivesse morrido ainda era viva”.
Sobre os três anos de ajustamento financeiro, no âmbito do memorando de entendimento selado com a troika que está prestes a expirar, Ferreira Leite salientou a ideia dos “custos desproporcionados” para os bolsos dos portugueses, e concretizou: “Por trás disto existe desemprego, existe emigração e existe empobrecimento”.