“Um erro político. Uma convergência estratégica com o Governo por parte do PCP porque vai facilitar o trabalho ao Presidente da República”.
É assim que Ferro Rodrigues descreve à rádio TSF a moção de censura anunciada ontem pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, no rescaldo dos resultados das eleições europeias.
Para o antigo secretário-geral do PS, a moção só vem “afoitar o caminho ao Presidente da República porque obviamente que a moção não passará e o Presidente terá todas as condições para poder dizer que a assembleia não quer a sua própria dissolução e não quer qualquer tipo de alteração de calendário”.
Sobre o apoio do PS à moção de censura do PCP, Ferro Rodrigues sustenta que “o Partido Socialista está contra o governo e acha que o Governo deve cair o mais cedo possível” mas ressalva que essa vontade não significa “que este exercício seja politicamente aconselhável”.
"A derrota dos partidos do Governo e portanto das políticas de austeridade que tem conduzido foi de tal maneira impressionante que o prolongamento de uma situação de empastelamento político de um ano e meio com um Governo que não tem o menor prestígio junto da sociedade portuguesa seria muito mau para Portugal", afirmou ainda em declarações à Lusa.
Por isso, mesmo admitindo que seja difícil, defendeu que "o Presidente da República deve agir em consonância com esta situação" e convocar eleições legislativas antecipadas.