Em declarações à agência Lusa, Jorge Lacão, que na quarta-feira se demitiu do Secretariado Nacional do PS em divergência com a linha seguida pela liderança de António José Seguro, referiu que defendeu que a moção de censura do PCP "não reúne as condições políticas" para que a bancada socialista vote a favor.
Em causa, sobretudo, está a fundamentação da moção de censura do PCP, que, segundo os socialistas, coloca PS, PSD e CDS em pé de igualdade na crítica política sobre a evolução do país nos últimos anos.
Esta posição de Jorge Lacão, segundo fontes socialistas, mereceu logo o apoio de outros deputados, designadamente do ex-ministro da Justiça Alberto Costa, e de elementos favoráveis à candidatura de António Costa à liderança do PS.
Confrontado pela agência Lusa com o facto de o secretário-geral do PS, António José Seguro, ter assumido na segunda-feira que os socialistas iriam votar a favor da moção de censura do PCP, mesmo considerando que essa iniciativa era "um frete" ao executivo PSD/CDS", Jorge Lacão respondeu: "O secretário-geral do PS, no momento em que falou, desconhecia a fundamentação da moção de censura do PCP".
"Entendo que a posição do PS sobre a moção de censura do PCP carece de reflexão. Por essa razão haverá ainda hoje nova reunião da bancada. Considero que o PS não se deve vincular a uma moção de censura completamente contrária às suas posições", acrescentou.
Na reunião, de acordo com fontes do PS, o líder da Federação de Leiria, João Paulo Pedrosa, e o vice-presidente da bancada socialista José Junqueiro defenderam o voto a favor da moção de censura, separando a fundamentação da moção do objetivo político final de censurar o Governo.
Numa tentativa de solução intermédia, o coordenador da bancada socialista na Comissão de Assuntos Constitucionais, Pita Ameixa, sugeriu que o PS torne pública uma fundamentação alternativa para a censura ao executivo PSD/CDS, votando a favor do objetivo de censurar o Governo.