Jerónimo de Sousa e Pedro Passos Coelho travaram na Assembleia da República uma discussão tensa no debate da moção de censura do PCP ao Governo.
O secretário-geral do PCP começou por considerar que o primeiro-ministro demonstra "medo" em relação aos resultados das eleições europeias, dizendo fazer-se de "surdo" para encobrir a realidade sobre a situação do país".
"O senhor primeiro-ministro parece um gato em cima de brasa para fugir ao sentimento popular de rejeição do seu Governo", referiu o líder comunista, numa alusão aos resultados verificados nas eleições europeias.
Passos Coelho deu depois uma resposta dura, partindo da observação que Jerónimo de Sousa "não está habituado a ser confrontado", sendo alvo "de uma certa complacência".
O primeiro-ministro pediu então a Jerónimo de Sousa que seja "totalmente claro" na explicação da alternativa proposta, referindo que a saída de Portugal do euro "levaria o país a uma espiral inflacionista e a um esbulho das poupanças dos portugueses".
Tendo como base o ataque que o PCP faz ao processo de privatizações, Passos Coelho contrapôs que, no fundo, os comunistas "pretendem um regresso não ao 25 de Abril de 1974, mas um regresso ao isolacionismo e ao 11 de março de 1975" - uma ação militar que abriu o caminho às nacionalizações.
Uma declaração do líder do executivo que mereceu veementes protestos por parte da bancada do PCP.
Antes, na mesma linha do PCP, a coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins acusou o Governo de beneficiar "os grandes interesses financeiros" e de desproteger totalmente os cidadãos em situação económica mais vulnerável.
Catarina Martins, entre outras acusações, disse que, enquanto o executivo corta na despesa de programas sociais como o complemento solidário para idoso, "tem sempre dinheiro para pagar ´swaps', PPP [Parcerias Público Privadas] ou para conceder benefícios fiscais".