O resultado das eleições europeias é visto com bons olhos por Álvaro Beleza. O socialista diz-se “contente porque o PS ganhou e muito contente porque o Governo teve uma derrota estrondosa”. Contudo, esta vitória tem vindo a ter um sabor cada vez mais amargo.
Em entrevista ao jornal i, Beleza sai em total defesa de António José Seguro e culpa António Costa por falta de solidariedade ao ter apresentado a sua candidatura numa altura em que a vitória nas eleições aconteceu com margem mínima.
Vitórias magras à parte, Beleza destaca que “não há ninguém perfeito, a direção não é perfeita e o António José Seguro não é perfeito”, mas relembra que “mo PS há uma palavra-chave, que falhou aqui, que é solidariedade. O PS é o partido da solidariedade, em que nos tratamos por camaradas”.
Para o secretário nacional do PS, o partido deve funcionar como “uma equipa”, visto que “é dentro do balneário que se discute, e frontalmente”. “Não podemos ser um partido de Messias, nem de vedetas”, critica.
Depois de acusar Costa de individualismo, Álvaro Beleza descreve o autarca de Lisboa como o “candidato do bloco central da política, das cortes e dos comentadores de direita”.
As reações internas às europeias e ao avanço de Costa foram ainda alvo de críticas, tendo o socialista confessado que existe “algum desespero de muitos dirigentes do partido e deputados que querem voltar, que ficaram sempre muito incomodados por sair do governo”. “Preocupam-se com ser deputados e têm muito receio que as coisas mudem e empurraram António Costa. Há aqui uma tentativa de regresso ao passado parte 2, do último governo, com António Costa”, frisa.
Álvaro Beleza diz que António Costa significa o regresso de “muito daquilo que foi o José Sócrates. Dos que estiveram no governo, todo um conjunto de pessoas que não perceberam que na política temos de passar para o futuro”.
Na entrevista, Álvaro Beleza destaca ainda que “António Costa criou um problema ao PS”, visto que, “numa altura em que a direita devia estar a discutir as lideranças do PSD e do CDS, está a discutir-se a liderança do PS”, lamenta.
Quando questionado sobre as eleições primárias, Beleza descreve-as como “resposta” e como a “maior reforma pós-25 de Abril, que é abrir os partidos à sociedade”. Além disso, diz que Seguro foi #politicamente inteligente, audaz e desprendido, porque assumiu um risco maior”.
Na iminência de eleições, “o candidato seria António José Seguro”. “Hoje tem Seguro e a 28 de Setembro ou tem Seguro ou Costa”, diz. Contudo, não esconde que “em Portugal, os comentadores da imprensa sempre levaram o António Costa ao colo”.
“E acredito que Seguro está subavaliado na opinião pública. Agora muitos portugueses vão conhecer o António José Seguro que não conheciam”, continua.
Um dia depois da entrevista de Mário Soares à mesma publicação, na qual teceu severas críticas a António José Seguro, Álvaro Beleza diz que o antigo Presidente da República está “mal informado”, pois Seguro “nunca fez nenhum acordo com a direita”.