Durante a comissão nacional do PS, que decorre hoje em Ermesinde, foi indeferido o requerimento apresentado pelos apoiantes de António Costa para a convocação de um congresso extraordinário e eleições diretas para a liderança, tendo entretanto o presidente da Câmara de Lisboa apresentando uma proposta de regulamento para as eleições primárias, que quer que sejam antecipadas de 28 para 14 de setembro.
O secretário nacional do PS Eurico Brilhante Dias, apoiante de António José Seguro, falou entretanto aos jornalistas, defendendo que de uma vez por todas, se acabe "com esta cena em torno dos estatutos e passar à política".
"E hoje mais uma vez temos mais uma manobra dilatória para não discutir política", acusou, recordando que para quinta-feira "está marcada uma comissão politica para discutir o regulamento das primárias".
Eurico Brilhante Dias recorda que a "iniciativa das primárias é uma iniciativa política do secretário-geral", considerando que parece que mais uma vez António Costa "não percebe que há assuntos que se tratam dentro de um tempo".
Pelo lado de António Costa falou Vitalino Canas, que considerou que se está a assistir "a um conjunto de subterfúgios no sentido de uma proposta política não ser aceite pelo partido".
"Nesta altura não se está a debater aquilo que todos nós esperaríamos que fosse debatido - o desbloqueio do PS - o que estamos ali a debater são questões meramente secundárias. Nós sentimos, muitos que estamos ali dentro, bastante agredidos no nosso espírito de tolerância e no nosso espirito de serviço ao país", criticou.
O socialista condenou que se esteja na comissão nacional do PS "a debater mecanismos processuais, que parecem instrumentais para evitar aquilo que é essencial que é: que haja uma clarificação do PS".
"A situação de bloqueio a que nós chegamos caí no absurdo de estarmos ali todos, preparadíssimos para discutir aquilo que tem que ser discutido, mas se calhar iremos ter que fazer uma comissão nacional de novo para discutir aquilo que já deveríamos estar a discutir hoje", evidenciou.
Na opinião de Vitalino Canas, se os estatutos do partido estão a ser interpretados bem - situação da qual tem "muitas dúvidas" -- então "estamos numa situação em que os estatutos do PS não permitem o funcionamento da democracia interna".