‘Estalou o verniz’ entre Francisco Louçã e Daniel Oliveira, os dois fundadores do Bloco de Esquerda. Em causa, um texto publicado pelo antigo líder bloquista no seu Facebook acompanhado por uma foto do livro ‘Os Cinco na Ilha do Tesouro’. A resposta de Daniel Oliveira não se fez esperar.
A mudança de ideias dos militantes que abandonaram, no último fim de semana, o Bloco de Esquerda, escreveu Louçã, fez-se num “relâmpago”.
“O Fórum Manifesto aprovou em dezembro de 2013, há sete meses, uma cuidadosa resolução que criticava o Bloco porque, ao defender a reestruturação da dívida, não concluía que isso conduziria à saída do euro. Mais ainda, explicava – com os votos dos quatro militantes que agora saíram do Bloco e também de Daniel Oliveira – que a União Europeia se transformou num perigo para Portugal”, pode ler-se no Facebook de Louçã.
E mais. Na opinião do professor catedrático “o novo partido leva a sério o seu putativo acordo com o PS e sabe que este é que determina a política e, mais, que a “dona disto tudo”, Merkel, não aceita um governo fora do quadro dos Tratados e da política do empobrecimento, anuncia já que os seus promotores moderam as suas posições anteriores e vão à negociação”.
Ora, Daniel Oliveira leu, não gostou e respondeu, também ele, no Facebook.
“Fui acusado, na altura, por Louçã, de falta de clareza e de querer ter duas posições em simultâneo. Quando estava no BE, esta minha posição até era uma resposta a Francisco Louçã que fazia de quem defendia a saída do euro um inimigo com quem nem se podia conversar”.
Mas Daniel Oliveira não se fica por aqui e passa mesmo ao ‘ataque’: “Curiosamente, também ele tem duas posições. Só que em momentos diferentes e sempre radicalmente intolerante. Salta de uma posição intolerante para a sua oposta sem nunca dar espaço para algumas cautelas”.
Antes de concluir a sua resposta, o co-fundador do Bloco de Esquerda ainda teceu um comentário à imagem escolhida por Louçã.
“Costumo reservar esta violência retórica e de imagem para os adversários políticos. Mas, acima de tudo, não me entrego nem me entregarei ao ódio a antigos camaradas. Serei eu ser o cão traidor? Que falta de senso e de gosto…”.