Dizendo responder a dúvidas que foram colocadas por comunistas durante a preparação do Congresso sobre a forma de construir um “governo de esquerda”, Jorge Pires, da comissão política do PCP, começou por dizer que “não há nenhuma solução mágica”.
No entanto, advertiu, não se chegará a esse objectivo “com diálogo e simpatia” entre dirigentes de partidos à esquerda do Governo PSD/CDS-PP, ou seja, com o PS e o BE.
“Haverá democratas que pensam que todas as dificuldades se resolveriam com o diálogo e alguma simpatia entre dirigentes dos partidos à esquerda deste Governo. A vida confirmou que não é assim”, afirmou, sendo aplaudido pelos delegados.
Assim, defendeu, “o caminho mais seguro para a conquista alternativa esquerda é os democratas perceberem que são as suas aspirações por uma nova política e as suas escolhas também eleitorais que mais podem assegurar um novo e esperançoso rumo para política nacional”.
Jorge Pires disse que, da parte do PCP, tudo se fará para que, “com confiança e determinação seja possível transformar o enorme descontentamento em formas concretas de intervenção”.
O PCP dará o seu contributo para a “afirmação na sociedade portuguesa de um vasto movimento de opinião, unido em torno dos grandes valores e propósitos de uma política de esquerda”.
Este movimento deve, prosseguiu, “dar origem a uma ampla frente social de luta capaz de lutar por um Portugal soberano e independente, de progresso e justiça social como componentes constitutivas da democracia avançada que o PCP propõe ao povo português”.
“Mas sempre, como há 91 anos, com o socialismo e o comunismo no horizonte”, avisou.
O XIX Congresso do PCP termina hoje em Almada, com uma intervenção do secretário-geral eleito, Jerónimo de Sousa.