Um antigo colaborador de Pedro Passos Coelho na Tecnoforma, empresa onde o primeiro-ministro trabalhou como consultor, ganhou um contrato de 2,5 milhões de euros para “seleção, eliminação e inventariação das fontes documentais existentes nos governos civis”. A portaria foi publicada em março mas a adjudicação deste concurso só foi publicada quando já tinha sido autorizada ao Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (Cepese), por despacho do secretário de Estado de 27 de fevereiro, segundo o Diário de Notícias.
Foram pedidos esclarecimentos ao Ministério da Administração Interna sobre a portaria. E foi, o próprio gabinete de Miguel Macedo que reconheceu que “a adjudicação ao Cepese foi autorizada por despacho de Sua Excelência o secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna, de 27 de fevereiro, e teve em consideração, essencialmente, as questões técnicas e a qualidade da equipa”.
O despacho foi assinado, segundo o MAI, por Juvenal Silva Peneda, na altura secretário de Estado adjunto da Administração Interna, mas como “não carece de publicação em Diário da República”, o gabinete limitou-se a resumir o seu conteúdo, por email, sem não enviar o mesmo.
Fernando de Sousa foi levado por Passos para a Tecnoforma para o apoio na criação de uma organização não-governamental que explorasse “as facilidades de financiamento” da Europa, em projetos de formação profissional.
O próprio Cepese anunciou em abril que estavam a “recrutar técnicos de arquivo em todo o território nacional”, no âmbito do projeto ‘Os Governos Civis de Portugal. História, Memória e Cidadania’.
No relatório de atividades de 2013, o projeto é mencionado relativamente a 2013 e 2014, com a “coordenação de Fernando Sousa” e “financiamento” pelo “Ministério da Administração Interna”. E o Cepese informa que “não encontrou referências ao concurso, apenas a cópia que o MAI remeteu depois de vários pedidos.