"Esqueçam que existi. Deixem-me em paz"

Quarenta anos. Quarenta ‘redondos’ anos a comandar a Madeira. Quarenta anos que Alberto João Jardim quer que terminem agora, ou no máximo em outubro do próximo ano. Em entrevista ao Expresso, o social-democrata falou de Passos Coelho, com quem não “acerta”, da falta de “dinheiro para brincadeiras” [leia-se uma possível candidatura a Belém] e da vontade de ser esquecido. É um ‘rei’ que já não quer mais brincar aos tronos.

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Notícias Ao Minuto
26/07/2014 08:34 ‧ 26/07/2014 por Notícias Ao Minuto

Política

Alberto João Jardim

“Agora deixem-me à vontade. Não tenho planos por enquanto. Não se metam na minha vida, esqueçam que eu existi. Deixem-me em paz”. Alberto João Jardim não diz: “não quero ser mais presidente do governo [regional da Madeira].

É o fim de 40 anos no poder e engane-se se pensa que Jardim tem novas ‘rotas’ em mente. Ao Expresso, o social-democrata garante que apenas fica na liderança da Madeira até outubro “se o partido quiser” e refuta já qualquer hipótese de se candidatar a Belém. “É louco! Tenho 71 anos”, justificou.

Alberto João Jardim está ‘cansado’ mas não deixa de louvar o seu trabalho feio nas últimas quatro décadas. “Se a Madeira estivesse cansada não me tinha dado dez maiorias absolutas”, atira, frisando que procurou sempre “ter razão” ao invés “de força”.

Depois de “garantir já” que não é candidato às próximas eleições, o madeirense destaca ainda que não irá “ficar num cargo se o partido não quiser”, frisando que entrega a presidência da região “se o novo líder preferir eleições antecipadas”.

Mas Jardim não está apenas cansado da liderança, está cansado do PSD. “Eu nunca estive tão diferenciado de um governo do meu partido como deste. Aliás, talvez por relações pessoais, não sei…”, diz, justificando que, “nunca” teve “uma grande relação com o primeiro-ministro”.

A diferença entre o liberalismo de Passos e o conservadorismo de Jardim é de maneira tal “que a gente não acerta”. Além disso, o presidente do Governo Regional da Madeira critica ainda o facto de Passos ser um “primeiro-ministro frio”, sem capacidade de contornar algumas situações, destacando, aqui, que deveria “ter sido mais reivindicativo em relação aos credores”.

“Sabe, a política é feita de pessoas e famílias, a política não é só Orçamento do Estado”, critica.

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