A presidente do Partido Socialista (PS), Maria de Belém Roseira considera que as primárias irão introduzir em Portugal “um processo de transformação para melhorar a relação que a população tem com os partidos políticos”, afirmando ainda, em entrevista ao semanário SOL, que este foi um processo onde existiram “posições muito diversas”, que corria o risco de seguir de “impugnação judicial em impugnação judicial”.
Sobre a disputa interna no partido, assegura que o seu papel é de “equidistância em relação aos dois candidatos”, dizendo ainda que pensa “bem” de António Costa e António José Seguro, defendendo que independentemente de quem quer que ganhe “qualquer deles terá em mente a indispensabilidade da união do partido”, até porque “um partido fraturado estaria enfraquecido nas eleições legislativas”.
Questionada sobre uma “vitória insuficiente nas europeias”, a presidente do Partido Socialista alega que, para si não foi “uma vitória insuficiente. Porque o PS concorreu contra os dois partidos que estão no Governo coligados. O PSD sozinho nunca tinha tido menos de 30% nas eleições europeias”, atirou.
Lembre-se este foi o motivo alegado por António Costa para concorrer à liderança socialista, algo que, explica Maria de Belém até aqui não tinha acontecido. “Sempre que houve escolha de novo secretário-geral foi porque o secretário-geral em funções anunciou que iria sair. Foi assim com todos os secretários-gerais. O que se passa na política é o que se passa na física: não se pode ocupar o que está ocupado”, atirou.
Sobre este tema, a presidente rosa lembra a disputa eleitoral de 2004 para deixar um repto aos candidatos: “só desejo que esta disputa acabe como acabou, em 2004, a eleição para secretário-geral que envolveu José Sócrates, Manuel Alegre e João Soares. Que foi um respeito muito grande entre todos. Precisamos de um PS forte, coeso e reforçado”, concluiu.
Por fim, sobre instada a fazer um balanço sobre a liderança de Seguro e como que fazendo também uma avaliação ao Governo, Maria de Belém considerou que o atual líder socialista teve “uma liderança difícil”, propiciada pela “crise financeira”, mas, sobretudo, por “um governo muito ortodoxo, renitente a qualquer sugestão, que recusou todas as propostas do PS, apesar de contar com o apoio do PS à sustentação do memorando”.